A junta militar no poder após o golpe de Estado de 26 de julho no Níger anunciou a formação de um novo governo de transição composto por 21 ministros, incluindo seis militares.
Corpo do artigo
O líder do autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), o general Abdourahamane Tiani, assinou um decreto com a composição dos membros do novo governo, divulgado esta quinta-feira de madrugada pela agência pública de notícias ANP.
O novo governo é chefiado pelo economista e antigo ministro Mahamane Lamine Zeine, nomeado na segunda-feira, que terá também a pasta da Economia e das Finanças.
O general Salifou Mody foi escolhido para o Ministério da Defesa e o general Mohamed Toumba para o do Interior, duas figuras importantes da junta.
O coronel major Amadou Abdramane, porta-voz do CNSP, será responsável pela pasta da Juventude e dos Desportos. Os outros ministérios ocupados pelos militares são a Saúde, os Transportes e a Água, Saneamento e Ambiente.
A nomeação do governo provisório ocorre poucas horas antes de uma reunião importante dos líderes do Conselho Económico dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em Abuja, Nigéria, para analisar a situação no Níger, depois de ter expirado, no passado domingo, o ultimato dado pelo bloco regional aos líderes golpistas para restabelecerem a ordem constitucional, sob a ameaça de uma possível ação militar.
Presidente deposto vive em "condições deploráveis"
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, denunciou na quarta-feira as "condições deploráveis" em que se encontra detido o presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum.
"O secretário-geral está profundamente preocupado com as condições de vida deploráveis em que Bazoum e a sua família estão a viver desde que foram arbitrariamente detidos por membros da Guarda Presidencial", afirmou um porta-voz de António Guterres.
"O secretário-geral reitera a preocupação com a saúde e a segurança do presidente e da sua família, e apela mais uma vez à sua libertação imediata e incondicional e à sua reintegração como chefe de Estado", acrescentou.
O partido de Bazoum denunciou que o presidente está a viver "sem eletricidade, água, alimentos e medicamentos", razão pela qual apelou ao "estrito cumprimento das obrigações internacionais em matéria de direitos humanos no Níger".