A Justiça britânica profere, esta segunda-feira, a decisão sobre o pedido de extradição de Julian Assange - fundador do site WikiLeaks, estrutura responsável por tornar públicas informações secretas de vários governos -, reclamada pelos Estados Unidos, que o querem julgar pela divulgação de centenas de milhares de documentos confidenciais. No limite, mas numa mais do que improvável decisão, o australiano, detido em Londres, Inglaterra, poderia ser condenado à morte pelas autoridades norte-americanas, por espionagem.
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Apesar de, em teoria, a pena capital poder ser aplicada, alguns analistas consideram que o pior que lhe pode acontecer, caso venha a ser julgado pela Justiça norte-americana, é ser condenado a 175 anos de prisão, por ter divulgado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas dos Estados Unidos, principalmente no Iraque e Afeganistão.
A Administração de Donald Trump, presidente dos EUA, acusa o fundador do WikiLeaks de colocar fontes de serviços norte-americanos em perigo, algo que o visado contesta.
Entre os documentos publicados, estava um vídeo que mostra civis mortos por tiros de armas norte-americanas no Iraque em julho de 2007, incluindo dois jornalistas da agência noticiosa Reuters.
sete anos numa embaixada
Julian Assange foi preso em Londres em abril de 2019, depois de sete anos atrás dos muros da representação diplomática equatoriana, onde se refugiou após violar as condições da sua fiança e por temer a extradição para os EUA.
As preocupações não são um exclusivo do australiano. Por exemplo, o Governo alemão disse que "acompanha com preocupação" o procedimento de extradição de Julian Assange, cujo "estado de saúde física e mental" deve ser "levado em consideração".
"Os direitos humanos e aspetos humanitários de uma possível extradição não devem ser negligenciados", escreveu, em comunicado, a comissária federal para os Direitos Humanos, Bärbel Kofler.
A responsável recordou, inclusivamente, que o Reino Unido está "vinculado pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos".
Já Niels Melzer, especialista das Nações Unidas em direitos humanos, apelou a Donald Trump para que perdoe Julian Assange, afirmando que este "não é um inimigo do povo norte-americano, pois combate o secretismo e a corrupção em todo o Mundo".