Justiça francesa suspende expulsão de Ciotti que continuará como líder conservador
O Tribunal de Justiça de Paris suspendeu esta sexta-feira a expulsão de Éric Ciotti do partido conservador francês Os Republicanos, pelo que continuará como seu presidente, ficando assim sem efeito as ordens da comissão executiva da formação.
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Ciotti tinha sido expulso do partido Os Republicanos (LR, na sigla em francês), devido ao seu plano de formar uma aliança com a extrema-direita de Marine Le Pen para as eleições legislativas antecipadas de 30 de junho e 7 de julho em França.
"O tribunal de Paris suspendeu a minha expulsão de Os Republicanos, pelo que mantenho as minhas funções de presidente", declarou na rede social X (antigo Twitter) o dirigente, que contestou em tribunal as decisões do seu próprio partido, herdeiro da direita de Charles de Gaulle e Jacques Chirac.
"Agora, é tempo de fazer campanha com a aliança de direita para ganhar à extrema-esquerda", acrescentou Ciotti em declarações ao canal televisivo BFMTV.
A decisão judicial de hoje é, no entanto, provisória e insta a defesa de Éric Ciotti a apresentar argumentos "de fundo" relevantes num prazo de oito dias. Se não o fizer, a suspensão ficará sem efeito.
A decisão do tribunal parisiense prende-se com a destituição decretada pela comissão política do LR, reunida a 12 de junho com caráter de urgência, e confirmada hoje, após a convocação de um quarto do Conselho Nacional do partido, muito maior que a sua comissão política.
Na terça-feira, Ciotti propôs uma aliança inédita com a União Nacional (RN, na sigla em francês), atualmente liderada por Jordan Bardella, mas que mantém presente a figura de Marine Le Pen.
Até agora, o partido da direita republicana em França sempre recusou formar uma aliança com a extrema-direita, que venceu, por larga margem, as europeias no país, no passado domingo.
A proposta de Ciotti surgiu depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter decidido dissolver a Assembleia Nacional e convocar eleições legislativas antecipadas, a 30 de junho e 07 de julho, na sequência do fracasso do seu partido nas eleições para o Parlamento Europeu.
Já hoje, horas antes de conhecida a decisão judicial, Éric Ciotti garantiu, numa entrevista à estação de televisão CNews, que a maioria dos eleitores do LR é a favor de uma aliança com a extrema-direita e defendeu que esse é um passo necessário para a sobrevivência do partido.