A justiça grega proibiu a difusão de uma reportagem sobre um naufrágio no Mar Egeu que causou a morte de 12 imigrantes ao alegar que a "instrução está a decorrer", referiu fonte judicial em Atenas.
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De acordo com a mesma fonte, citada pela agência francesa AFP, numa ordenação judicial dirigida à cadeia televisiva privada Mega, a juíza de instrução responsável pelo inquérito sobre o naufrágio proibiu a emissão, prevista para terça-feira, de uma reportagem sobre as circunstâncias em que ocorreu este incidente no final de janeiro e que envolveu uma embarcação com 28 imigrantes, na sua maioria de nacionalidade afegã.
O diário "Ta Nea", o jornal de maior tiragem na Grécia, definiu a proibição como um atentado à liberdade de imprensa e um ato de "censura preventiva".
Por sua vez, o jornalista responsável pela emissão, Stavros Theodorakis, considerou que "caso os jornalistas tivessem de pedir autorização à justiça para fazer uma investigação", nenhuma das anteriores reportagens sobre assuntos polémicos teria sido concretizada nos últimos anos.
Doze pessoas, sobretudo mulheres e crianças, morreram no naufrágio da embarcação, que foi rebocada por guardas-costeiros gregos após ter sido intercetada ao largo do ilhéu de Farmakonissi (sudeste).
A investigação judicial foi desencadeada após diversos sobreviventes terem acusado a guarda-costeira grega de ser responsável pela viragem da embarcação, quando a rebocava a grande velocidade em direção à costa turca.
As autoridades gregas desmentiram qualquer tratamento ostensivo face aos imigrantes e que a embarcação tivesse sido dirigida para a costa turca, em violação das convenções internacionais.
No domingo, foram detetados restos da embarcação e retirados os corpos de quatro dos 12 desaparecidos. Dois corpos tinham sido já encontrados por guardas-costeiros turcos após o naufrágio, enquanto outros corpos ainda se encontram presos na embarcação.
Todos os anos, muitas dezenas de imigrantes morrem afogados no Mar Egeu, a principal porta de entrada na União Europeia para quem foge de países pobres ou em guerra e na grande maioria provenientes da Ásia e de África.