O processo contra Sílvio Berlusconi por prostituição de menor recomeçou, esta segunda-feira, em Milão, depois dos juizes terem rejeitado o pedido de suspensão apresentado pelos advogados. Contudo, "Ruby" já não será ouvida pelo tribunal.
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O depoimento da jovem marroquina, de seu nome verdadeiro Karim El Mahroug, era muito aguardado, mas depois de um acordo entre a acusação e a defesa, "Ruby" não será ouvida. O tribunal apoiar-se-á nos processos verbais das suas declarações aos inquéritos.
"Ruby" apresentou-se, esta segunda-feira, pela primeira vez no tribunal, onde foi acolhida por uma multidão de fotógrafos. A sua versão das célebres noitadas de "bunga-bunga", organizadas pelo Cavalière na sua luxuosa mansão de Arcore, perto de Milão, era aguardada com ansiedade.
Contudo, depois do acordo entre a acusação e a defesa, o tribunal decidiu não ouvir a jovem marroquina. Apoiar-se-á nos processos verbais dos seus depoimentos aos inquéritos.
"O que interessa à Ruby é mostrar que esteve aqui todo o dia, disponível tanto para os juízes como para a acusação ou defesa", disse a sua advogada, Paola Boccardi, aos jornalistas. "Ela ficou surpreendida por não ser ouvida", referiu.
Além disso, os advogados de Sílvio Berlusconi não conseguiram interromper o curso deste processo comprometedor face à aproximação das eleições gerais de fevereiro, para evitar todo o tipo de "instrumentalização" durante a campanha.
O antigo chefe do Governo vai apresentar-se à cabeça de uma coligação de centro-direita com o seu aliado da Liga do Norte.
A procuradora, Ilda boccassini, conhecida pela sua combatividade e ovelha negra de Berlusconi no mundo judicial, opôs-se, argumentando com o facto de Berlusconi não ser o secretário-geral do seu partido, o PDL, e que ele mesmo declarou que não se candidatava ao lugar de presidente do Conselho.
"Não é uma questão para ser decidida em audiência, mas apenas um tema de conveniência política", afirmou, acusando outra vez o "Cavalière" de ter por único objetivo "atrasar o processo" e evitar uma eventual condenação justa antes das eleições.
Berlusconi incorre em três anos de prisão por prostituição de menor e doze anos por abuso do poder.
Depois de se terem retirado por quatro horas numa sala de deliberações, os juizes decidiram rejeitar o pedido da defesa.
É a terceira vez que a jovem marroquina foi convocada pelo tribunal, mas não se apresentou às audiências anteriores de 10 e 17 de dezembro.
Por enquanto, o calendário do processo parece inalterado: acusação prevista para 28 de janeiro e argumentos da defesa a 4 de fevereiro. Depois, uma nova audiência será fixada para a leitura do veredito.