Um tribunal francês confirmou esta quinta-feira a legalidade da expulsão de Jean-Marie Le Pen da Frente Nacional por comentários antissemitas e negacionistas, mas reconheceu-lhe o direito de manter a posição de presidente honorário.
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Le Pen, 88 anos, foi afastado do partido que fundou em agosto de 2015 por iniciativa da filha, Marine Le Pen, por repetir publicamente que as câmaras de gás dos campos de concentração nazis eram "um pormenor" da II Guerra Mundial, declaração pela qual já tinha sido condenado judicialmente, e por defender o regime colaboracionista de Vichy.
Marine Le Pen, que é candidata às presidenciais de 2017, repudiou as afirmações do pai, acusou-o de "suicídio político" e convocou a direção do partido para decidir a sua expulsão em nome dos "interesses da FN".
O tribunal de Nanterre, a que o pai Le Pen recorreu, validou a decisão do partido de extrema-direita de o expulsar, mas considerou que, enquanto fundador, deve manter-se como presidente honorário, o que implica ser convidado para todas as reuniões da direção.
O tribunal decidiu ainda condenar a FN ao pagamento de uma indemnização de 15.000 euros por ter impedido Le Pen de desempenhar as funções de presidente honorário ao longo do último ano.
O advogado de Jean-Marie Le Pen considerou o veredicto "uma vitória" do cliente. A sua exclusão como membro "não tem importância, o que conta é a qualidade de presidente honorário", disse Frédéric Joachim.
Le Pen manifestou na altura profundo ressentimento com a decisão da filha, que desde que assumiu a liderança do partido, em 2011, se afastou da linha mais radical seguida pelo pai numa tentativa de aumentar a influência do partido entre os eleitores.
O ex-líder acusou a filha de abandonar as raízes ideológicas da FN, embora Marine mantenha o discurso anti-imigração, anti-islamita e securitário.
Sob a liderança de Marine, a FN foi o partido mais votado nas eleições europeias de 2014 e obteve um quarto dos votos nas eleições locais de março de 2015.
Apesar desse ressentimento, Jean-Marie Le Pen mostrou-se animado com o efeito que a vitória de Donald Trump pode ter na candidatura presidencial de Marine.
"Hoje, os Estados Unidos, amanhã, a França. Bravo América!", escreveu no Twitter, um dia depois das eleições norte-americanas.