A primeira mulher de Mouammar Kadafi, Safia, e três dos seus filhos, Anibal, Mohamed e Aisha, chegaram, esta segunda-feira, à Argélia. Fontes diplomáticas líbias autorizadas, citadas pela agência italiana Ansa, afirmam que o ditador líbio se mantém perto de Trípoli.
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"A mulher de Mouammar Kadafi, Safia, a sua filha Aisha e os seus filhos Aníbal e Mohamed, acompanhados dos seus filhos entraram na Argélia cerca das 7.45 horas TMG (8.45 horas em Portugal continental) através da fronteira argelo-líbia", afirmou o Ministério argelino dos Negócios Estrangeiros através de um comunicado difundido pela agência APS.
Pouco depois, "fontes diplomáticas líbias autorizadas", citadas pela agência italiana Ansa, afirmavam que Kadafi se encontra a 100 quilómetros de Trípoli, em Bani Walid, acompanhado dos filhos Saadi e Saïf al-islam.
A cidade de Bani Walid é considerada fiel ao coronel Kadafi. No passado sábado, uma coluna de 60 a 80 veículos foi assinalada a efectuar a viagem em direcção a Bani Walid, presume-se que a fugir de Syrte.
A mesma fonte citada pela Ansa tinha anunciado a entrada da família de Kadafi na Argélia, facto que viria a ser confirmado logo de seguida pelo Governo argelino. Entretanto, os líderes rebeldes já anunciaram que vão pedir a extradição da família de Kadafi.
Entretanto, o Conselho Nacional de Transição da Líbia anunciou, esta segunda-feira, que vai pedir ao Governo da Argélia que repatrie os membros da família de Mouammar Kadafi que entraram naquele país.
"Iremos pedir à Algéria que os devolva à Líbia", afirmou um membro do Conselho Nacional de Transição da Líbia (CNT), Mohammed al-Allagy, citado pela agência francesa AFP.
Apoio da Argélia
Há poucos dias, o antigo número dois do regime líbio, Abdessalem Jalloud, que fugiu de Trípoli e se refugiou em Itália, afirmou em Roma que Mouammar Kadafi se encontrava ou a sul de Trípoli ou já teria partido para o deserto.
"Ele não tem mais do que quatro pessoas consigo. Há duas possibilidades: ou se esconde na parte meridional de Trípoli ou já partiu há algum tempo", disse Abdessalem Jalloud durante uma conferência de Imprensa na sede da Associação da Imprensa estrangeira.
Desde há vários dias que se especula que a Argélia, que nunca escondeu o apoio a Kadafi, poderia acolher o ditador. Aliás, nos primeiros meses do conflito na Líbia os rebeldes asseguravam que militares argelinos estavam a ajudar as brigadas dirigidas por Jamis e Mutasim, os dois filhos de Kadafi que dirigiram repressão.
Outros países apontados como possível destino de Kadafi são o Uganda e a África do Sul. Mas os observadores internacionais não deixam de alertar para o facto estranho que é a possibilidade de uma coluna de viaturas com tais personalidades conseguir passar incólume e sem que estas sejam detidas, ainda por cima quando as novas autoridades líbias asseguram ter sob controlo quase todo o país.
Porém, o conflito prossegue e Syrte é cada vez mais tida como ponto crucial para o desfecho da guerra civil na Líbia. A terra natal de Kadafi, que de simples vila passou a quase capital do país por imposição do ditador, é agora a única cidade que recusa agitar a bandeira branca.
Os rebeldes chegaram às portas da cidade no dia 28 de Março mas desde então foram travados pela máquina militar de Kadafi e obrigados a fugir para Bengazi. Agora, em posição de superioridade, perante a fuga do velho ditador, conquistado quase todo o país e após dias de negociações infrutíferas com os militares, os rebeldes lançaram um ultimato: Syrte deve render-se ou a cidade será tomada a sangue e fogo. Porém, os líderes do regime deposto jogam com o medo e advertem os 100 mil habitantes que a rendição equivale à morte às mãos dos rebeldes.