O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, prometeu lutar contra a proposta do Reform UK, formação populista de direita, de acabar com o estatuto de residência permanente dos imigrantes legais, alertando para o risco do racismo no Reino Unido.
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"Se disserem ou insinuarem que as pessoas não podem ser inglesas ou britânicas por causa da cor da sua pele, que as pessoas que vivem aqui há gerações, criaram os seus filhos aqui, construíram as suas vidas aqui, trabalham nas nossas escolas, nos nossos hospitais, gerem empresas, são nossos vizinhos, se disserem que agora devem ser deportadas, então acreditem no que vos digo: vamos lutar contra com tudo o que temos", afirmou.
O excerto foi o mais aplaudido pela audiência do congresso anual do Partido Trabalhista em Liverpool, onde Starmer atacou frontalmente o Reform UK, e o respetivo líder, Nigel Farage.
"Quando foi a última vez que ouviram Nigel Farage dizer algo positivo sobre o futuro do Reino Unido? Ele não consegue. Ele não gosta do Reino Unido, não acredita no Reino Unido", acusou o líder trabalhista.
Starmer reconheceu que querer "controlar a imigração é um objetivo razoável, mas atirar tijolos e destruir uma propriedade privada, isso não é legítimo".
"Este grande partido tem orgulho das nossas bandeiras. No entanto, se elas forem pintadas ao lado de grafites a dizer a um dono de restaurante chinês para voltar para casa, isso não é orgulho. Isso é racismo", vincou.
O Reform UK anunciou na semana passada uma política para abolir com a autorização de residência dos imigrantes legais e substituí-la por um visto temporário com requisitos mais rigorosos, como um salário mais alto e conhecimentos de inglês.
Além de Farage, Starmer aproveitou também para deixar mensagens aos críticos internos no Partido Trabalhista, alertando para os "vendedores de poções milagrosas".
"Basta ouvir os políticos que dizem que existe uma solução rápida, uma cura milagrosa, cortes fiscais que se pagam por magia a si próprios, um imposto sobre a riqueza que, de alguma forma, resolve todos os problemas", afirmou.
Durante o discurso, Starmer afirmou que o país enfrenta "uma encruzilhada" e uma "luta pela alma do nosso país".
"A renovação nacional leva tempo, paciência e coragem", que "exige decisões que não serão fáceis nem isentas de custos", avisou.
No entanto, prometeu que, "no final deste caminho difícil, haverá um novo país, um país mais justo, de dignidade e respeito".
O congresso acontece numa altura de grande impopularidade do Partido Trabalhista e do próprio primeiro-ministro nas sondagens, lideradas há vários meses pelo Partido Reformista.
Starmer tem também sido alvo de críticas internas, com o Presidente da Câmara Municipal de Manchester, Andy Burnham, a revelar que foi abordado por vários deputados para se candidatar à liderança do 'Labour'.
Como novidades, Keir Starmer anunciou o objetivo de ter 66% dos jovens até aos 25 anos a entrar para o ensino superior, seja a universidade, ensino técnico ou estágios profissionais.
Esta medida substitui uma meta emblemática de Tony Blair de colocar 50% dos jovens na universidade.
O primeiro-ministro anunciou também a abertura do portal do serviço público de saúde britânico "NHS online" a partir de 2027 com a ambição de realizar 8,5 milhões de consultas nos primeiros três anos.