Khaleda Zia, a primeira mulher a chefiar o Governo de Bangladesh, morre aos 80 anos

Khaleda Zia foi líder do principal partido da oposição, o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP)
Foto: Abir Abdullah / EPA
A ex-primeira-ministra do Bangladesh e candidata às eleições legislativas de 2026, Khaleda Zia, faleceu esta terça-feira, aos 80 anos, vítima de uma doença crónica, confirmou o partido que liderou.
"A nossa amada líder nacional, Khaleda Zia, já não está entre nós. Hoje, às 6 horas da manhã [meia-noite em Portugal continental], deixou-nos", disse o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP), na rede social Facebook.
Zia estava internada a receber tratamento no Hospital Evercare, em Daca, desde o início de dezembro. De acordo com o jornal Daily Star, do Bangladesh, a ex-chefe do Executivo sofria de problemas cardíacos, doenças hepáticas e renais, diabetes, "além das questões pulmonares".
A saúde de Khaleda Zia deteriorou-se desde que foi detida em 2018, durante o Governo da antiga rival, Sheikh Hasina, que a proibiu de sair do país para tratamento médico. Hasina, de 78 anos, governou o Bangladesh entre 2009 e 2024, ano em que foi destituída e se exilou na Índia. Este ano, foi condenada à morte à revelia no Bangladesh pela repressão de manifestações contra o seu Governo.
Khaleda Zia foi libertada em 2024, após a destituição de Hasina, tendo-se deslocado a Londres para tratamentos médicos. Em 4 de dezembro, Zahid Hossain, médico do Hospital Evercare, disse que Zia iria ser transferida para a capital britânica num avião da família real do Catar, devido ao agravamento do estado de saúde.
Apesar da saúde debilitada, Khaleda Zia anunciou que pretendia liderar a campanha do BNP para as eleições parlamentares marcadas para o início de fevereiro de 2026.
A primeira mulher a governar o Bangladesh, em 1991, Zia ocupou o cargo de primeira-ministra por três vezes (1991-1996, três meses em 1996 e entre 2001 e 2006).
O filho de Zia, Tariq Rahman, líder da oposição e chefe interino do BNP, regressou ao Bangladesh em 25 de dezembro após quase 17 anos de exílio e semanas antes das eleições gerais.
Líderes e membros do BNP, que está entre os favoritos nas eleições, estiveram entre os milhares que se reuniram nas ruas que conduzem ao aeroporto internacional da capital, transportando faixas e entoando frases para dar as boas-vindas a Rahman, que chegou de Londres.
As forças de segurança e o Exército mobilizaram uma grande operação para manter a ordem.
Após a chegada, Rahman falou por telefone com o chefe do Governo interino, o Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, segundo o BNP. Rahman lidera o partido do exílio desde 2008, depois de ter enfrentado várias condenações e ter abandonado o Bangladesh devido a intensos confrontos políticos com sucessivos governos.
O Bangladesh é liderado por um Governo interino estabelecido após os protestos de 2024 que fizeram mais de 1.400 mortos e forçaram a demissão em agosto de Hasina, que fugiu para a Índia.
