Soldado capturado foi executado após gritar "Glória à Ucrânia" e Kiev fez apelo ao Tribunal Penal Internacional.
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Em 12 segundos de vídeo, um soldado com a insígnia ucraniana no braço acende um cigarro, grita "Glória à Ucrânia" à frente das forças de Moscovo e é aparentemente executado com uma rajada de balas. Identificado como prisioneiro de guerra, o homem cai no chão enquanto se ouve um "morre, sacana!".
As imagens, divulgadas na segunda-feira em grupos pró-Rússia, não escaparam ao discurso noturno do chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, que deixou uma promessa: "Encontraremos os assassinos". "Glória ao herói, glória aos heróis, glória à Ucrânia", afirmou, assegurando que o país jamais esquecerá "os feitos daqueles que deram a vida pela liberdade".
As forças ucranianas, que pedem justiça, anunciaram esta terça-feira tratar-se de Tymofiy Shadura, membro da 30.ª Brigada Mecanizada Separada, que estava desaparecido desde 3 de fevereiro perto de Bakhmut, no leste ucraniano. "O corpo do nosso soldado está em território temporariamente ocupado", frisaram, reconhecendo que a confirmação definitiva da identidade do prisioneiro só poderá ser feita após a devolução do corpo. De qualquer forma, garantiram, "a vingança será inevitável".
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, defendeu que o vídeo amplamente partilhado é mais uma prova do "genocídio" praticado pelas tropas russas, apelando à atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI). "É urgente que [o procurador-geral do TPI] Karim Khan abra uma investigação", escreveu no Twitter.
O Procurador-Geral da Ucrânia, Andriy Kostin, referiu também que os serviços de segurança do país registaram a morte de Shadura como um ato criminoso. "Até a guerra tem as suas próprias leis", frisou, citado pelo jornal britânico "The Guardian", lamentando que a Rússia ignore "sistematicamente" regras do direito internacional.
Não é a primeira vez que Kiev acusa Moscovo de torturar prisioneiros. Aliás, desde o início da invasão, multiplicam-se as acusações de crimes de guerra cometidos pelos dois exércitos. Em setembro de 2022, a Comissão de Inquérito da ONU sobre a Ucrânia concluiu que "foram cometidos crimes de guerra" no país. "Ficámos chocados com o grande número de execuções perpetradas nas áreas que visitámos", admitiu, na altura, o presidente da comissão, Erik Mose.