Um conselheiro do presidente ucraniano, Mykhailo Podoliak, qualificou como "hipocrisia" o anúncio de um cessar-fogo russo na Ucrânia por ocasião do Natal ortodoxo, e apelou às tropas russas para abandonarem o país.
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"A Rússia deve deixar os territórios ocupados, e apenas assim será possível uma 'trégua temporária'. Fiquem com a vossa hipocrisia", escreveu no Twitter.
Numa mensagem dirigida aos meios de comunicação social, Podoliak denunciou o cessar-fogo ordenado pouco antes pelo presidente russo Vladimir Putin de "puro gesto de propaganda".
"A Rússia tenta por todos os meios reduzir, pelo menos temporariamente, a intensidade dos combates e dos ataques aos centros logísticos, para ganhar tempo", prosseguiu Podoliak.
O conselheiro presidencial do presidente Volodymyr Zelensky acusou Putin de "não ter o mínimo desejo de acabar com a guerra" e de tentar "convencer os europeus a pressionarem" Kiev para o início de negociações de paz, que a Ucrânia recusa há meses, exigindo uma retirada das forças russas dos territórios ocupados.
"Não é necessário responder às iniciativas deliberadamente manipulatórias dos dirigentes russos", indicou ainda.
O presidente russo Vladimir Putin decretou que as tropas russas mobilizadas na Ucrânia deverão cumprir um cessar-fogo de 36 horas entre o meio-dia de 6 de janeiro e a meia-noite de 7.
Num comunicado, a Presidência russa (Kremlin) afirmou que Putin respondeu a um apelo do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo, divulgado esta manhã.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas - 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,9 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).