
Blagodatne fica a cerca de 35 quilómetros a sul da cidade de Donetsk
Anatolii Stepanov / AFP
Localidades de Blagodatne e Neskuchne, em Donetsk, terão voltado para as mãos dos ucranianos. Civis mortos a tiro quando fugiam das cheias.
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Um dia após Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, ter confirmado a realização de "ações contraofensivas", o Exército de Kiev anunciou os primeiros triunfos desde que a operação entrou em curso, há cerca de uma semana.
Num vídeo divulgado nas redes sociais, a 68.ª Brigada de Caçadores Separados Oleksa Dovbush assume ter recapturado a aldeia de Blagodatne, a 35 quilómetros de Donetsk, o que foi confirmado pelo conselheiro do Ministério do Interior, Anton Gerashchenko, numa partilha no Twitter.
"Estamos a ver os primeiros resultados das ações contraofensivas", assinalou Valeryi Shershen, um porta-voz do grupo militar ucraniano Travia, também envolvido na recuperação de Blagodatne, onde os militares hastearam uma bandeira da Ucrânia. Poucas horas depois, também o povoado de Neskuchne (igualmente situado em Donetsk) terá voltado para as mãos do Exército nacional, alegam os ucranianos.
Apesar de os avanços no teatro de operações ainda não terem sido verificados de forma independente, podem indicar o início de um ponto de viragem na guerra que se prolonga há 15 meses. Ainda que o Ministério da Defesa da Rússia negue quaisquer avanços do lado oposto, as forças invasoras mostram-se cada vez mais fragilizadas, sobretudo numa altura em que o grupo Wagner dá sinais de se querer afastar do Kremlin.
Depois de vários meses de tensão, Yevgeny Prigozhin, líder do grupo de paramilitares que se mostrou fundamental para que Moscovo passasse a dominar a cidade de Bakhmut, recusou assinar qualquer contrato de colaboração com o Exército de Vladimir Putin, depois do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, ter ordenado que as unidades de voluntários assinassem os documentos até 1 de julho.
Como consequência, refere Prigozhin, a tutela pode travar o envio de armas para os mercenários, mas o chefe do Wagner afiança que quando o cenário se dificultar "eles virão a correr com pedidos de ajuda", referindo-se às altas patentes de Moscovo.
Ataque a barco
Numa altura em que a população ainda está a recuperar dos danos causados pela explosão na barragem de Kakhovka, as autoridades fazem um novo balanço das vítimas: pelo menos seis pessoas morreram devido às inundações causadas pela subida do rio Dnipro e 35 estão desaparecidas.
Quase uma semana após o incidente, tanto russos como ucranianos continuam a acusar-se mutuamente, mas no dia de ontem a vice-ministra da Defesa ucraniana, Hanna Maliar, lançou novas alegações, ao dizer que as forças russas impulsionaram o ataque para impedir que as tropas de Zelensky avançassem na região Sul de Kherson.
Quando as equipas ainda estão a proceder ao resgate de moradores em risco após o desastre, um ataque a um barco que transportava pessoas retiradas das zonas inundadas causou a morte de três civis e feriu dez indivíduos, anunciou no Telegram o governador da região de Kherson, Oleksandre Prokoudine.
O responsável detalhou ainda que entre os feridos estão dois polícias, sendo que uma das vítimas é um homem que perdeu a vida a proteger uma mulher que também viajava na embarcação.
