
Vladimir Putin
Sputnik/Alexei Druzhinin/Kremlin via REUTERS
O Governo russo disse esperar que a Casa Branca não publique conversas privadas entre os presidentes dos dois países, referindo-se à polémica de um telefonema de Trump com o presidente ucraniano que levou a um inquérito para destituição.
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Na quarta-feira, após uma denúncia de um funcionário dos serviços de informações, a Casa Branca divulgou a transcrição de um telefonema entre o presidente dos EUA e o seu homólogo russo, Vladimir Zelensky, em que Trump pede ao Governo ucraniano para investigar as ações do filho do seu adversário político Joe Biden, o que levou a maioria Democrata no Congresso a pedir um inquérito para destituição, nos Estados Unidos.
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Questionado sobre se Moscovo está preocupado com a possibilidade de a Casa Branca divulgar transcrições de telefonemas entre Vladimir Putin e Donald Trump, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse esperar que "isso não aconteça nas relações (entre os dois países), que já estão muito agitadas".
Durante uma videoconferência com jornalistas, Peskov disse que a polémica à volta do telefonema entre Trump e Zelensky é uma questão interna dos EUA, mas acrescentou que considera "pouco comum" a divulgação de um telefonema entre presidentes.
"As matérias relacionadas com conversas entre chefes de Estado são geralmente classificadas, de acordo com a prática internacional normal", disse o porta-voz do Kremlin.
A divulgação da transcrição do telefonema, no qual os dois presidentes fizeram comentários críticos sobre a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Emmanuel Macron, provocou, entretanto, comentários irónicos de dirigentes políticos e de parlamentares russos.
"Esperamos que a festa continue", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. "Deixem-nos publicar transcrições de conversas entre aliados da NATO. Também seria útil publicar atas de reuniões fechadas na CIA, no FBI e no Pentágono. Divulguem tudo!", acrescentou Zakharova, de forma irónica.
Zakharova também brincou com a decisão da líder Democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, de abrir um inquérito de "impeachment" baseado na chamada telefónica.
"Será que a tarefa dos Democratas é tornar os Estados Unidos alvo de chacota?", perguntou a porta-voz, acrescentando que Nancy Pelosi está a fazer isso com a Casa Branca.
No passado, Putin e os seus funcionários ridicularizaram de igual forma a investigação do advogado especial dos EUA Robert Mueller sobre a interferência do Kremlin nas eleições presidenciais de 2016, classificando-a como um fracasso e ignorando as provas que Mueller apresentou sobre a interferência russa nesse ato eleitoral.
Mueller revelou que não havia evidências suficientes para estabelecer uma conspiração entre a direção de campanha de Donald Trump e o Governo russo, mas acusou 12 oficiais da secreta militar russa de invadir computadores do Partido Democrata e as contas de e-mail de funcionários da campanha da candidata Democrata, Hillary Clinton.
