Lágrimas de sangue em estátua da Virgem Maria eram falsas e pertenciam a "vidente"

Mulher alegou ter visto a estátua da Virgem Maria chorar lágrimas de sangue
Foto: X
As lágrimas de sangue que brotavam dos olhos de uma estátua da Virgem Maria, que atraíram numerosos peregrinos a uma localidade perto de Roma, eram falsas e provinham da autoproclamada vidente, segundo análises de ADN reveladas, esta terça-feira, pela imprensa italiana.
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Gisella Cardia, mulher siciliana de cerca de 50 anos, dizia ter a pele marcada por estigmas e conseguir comunicar diretamente com a Virgem. Afirmava ter escutado Maria e presenciado os seus milagres em Trevignano Romano, uma localidade no noroeste de Roma.
De acordo com a AFP, a ex-empresária, condenada em 2013 por falência fraudulenta, alegou ainda ter visto a estátua da Virgem Maria a chorar lágrimas de sangue e ter presenciado uma multiplicação de pizzas e massa de forma semelhante ao "milagre da multiplicação dos pães" descrito no Evangelho.
O caso, muito mediático, atraiu centenas de peregrinos que compareciam ao local mensalmente para rezar diante da estátua. Graças a este sucesso, Gisella Cardia fundou uma associação que arrecadava fundos com doações individuais.
Na verdade, o sangue era seu, como revelaram as análises genéticas de quatro amostras que coincidiam todas com o seu ADN, segundo informações publicadas na imprensa italiana.
A diocese abriu uma investigação em abril de 2023 após as queixas de diversos moradores de Trevignano Romano que denunciaram um "golpe gigante" e estavam irritados com o vai e vem dos fiéis. O Ministério Público de Civitavecchia também abriu uma investigação por fraude.
No ano passado, o Vaticano já tinha refutado o caráter sobrenatural das "aparições" relatadas por Gisella Cardia.
Apenas as lágrimas da Virgem em Siracusa (Sicília), em 1953, foram oficialmente reconhecidas como milagrosas por um Papa. Desde então, não há registos de fenómenos semelhantes em estátuas de Maria, Cristo ou santos em Itália, onde 74,5% dos 59 milhões de habitantes são católicos. Nestes casos, a Igreja Católica mostra-se cautelosa e deixa que cada diocese decida caso a caso.

