A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, justificou, esta terça-feira, o endurecimento do discurso de oposição ao novo primeiro-ministro, Sébasien Lecornu, com o facto de este pretender manter a linha política do presidente gaulês, Emmanuel Macron.
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"Temo-nos dado conta rapidamente de que [Lecornu] vai prosseguir a política macronista", afirmou, em entrevista de rádio e televisão concedida à "Europe 1" e à "Cnews", acrescentando que se trata de algo "muito grave", que "pode provocar uma crise do regime".
Le Pen previu há dois dias que vai haver uma moção de censura "dentro de algumas semanas ou meses" que derrubará o novo governo francês e provocar eleições legislativas antecipadas.
A dirigente da União Nacional (RN, na sigla em Francês), partido mais representado do parlamento gaulês - 123 deputados num total de 577 -, defendeu também que a "rutura" anunciada por Lecornu na tomada de posse se vai traduzir, na realidade, numa aproximação aos socialistas, algo que considera "contra a vontade maioritária do país".
"Não é uma política a favor do país, mas a favor deles", acusou, antecipando que os macronistas "estão dispostos a dar umas vitórias simbólicas [aos adversários] para se manterem" no poder.
A principal reivindicação socialista para viabilizar os orçamentos do atual executivo passa pelo designado "imposto Zucman", medida que agravaria em 02% a taxação sobre o património de pessoas com fortunas acima de 100 milhões de euros (um universo de menos de dois mil contribuintes franceses).
Le Pen mostrou desacordo face a essa possibilidade, mas faviorável a um "imposto sobre as fortunas financeiras".
A base tributária para tal medida deixaria de fora a habitação permanente do proprietário, os rendimentos profissionais e 75% de eventuais ações detidas em pequenas e médias empresas (PME).
A líder da RN e o seu "delfim", Jordan Bardella, vão ser recebidos quarta-feira pelo primeiro-ministro francês, que está a ter uma ronda de conversações com os diversos partidos a propósito do orçamento do Estado para 2026.