As construções da Lego vão deixar de aparecer nas páginas do tabloide britânico "Daily Mail", para não comprometer a marca com o tipo de conteúdo editorial do jornal: feito de "ódio, discriminação e demonização".
Corpo do artigo
"StopFundingHate" (Parem de financiar o ódio) é o nome do movimento que está a desafiar as grandes marcas a deixarem de compactuar com as atitudes "discriminatórias" de alguns órgãos de comunicação, incitando-as a abandonarem contratos publicitários.
"Não odeiem os media. Mudem os media". É com esta frase que o grupo se apresenta.
A iniciativa, criada este verão, tem criticado vários jornais nacionais por "retratarem emigrantes em termos exageradamente negativos" e por "disseminarem ódio" antes e depois do Brexit. A crise dos refugiados, a que o "Daily Mail" e o "The Sun" chamavam de "invasão", e o referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia foram temas explorados em larga escala e em manchetes sensacionalistas por parte dos jornais populares britânicos.
O grupo Lego, que, com frequência, oferecia vouchers para levantamento de brinquedos na compra do jornal "Daily Mail", garantiu, na rede social Twitter, que pôs fim ao acordo com o órgão de comunicação e que não tem planeada nenhuma atividade promocional para o futuro.
797365156087001088
O gigante dinamarquês confirmou à emissora BBC que passou "muito tempo a ouvir o que as crianças tinham a dizer", acrescentando que "quando os pais e avós dispensam algum tempo para dizerem o que sentem, eles são ouvidos atentamente".
"Sentimo-nos honrados por ver quantos consumidores de todo o mundo expressaram a sua preocupação pela nossa empresa e pela nossa marca. Vamos continuar a dar o nosso melhor para retribuirmos a confiança e a fé que as pessoas nos dão todos os dias", garantiu o representante da Lego à estação televisiva.
O "Daily Mail" não teceu quaisquer comentários acerca do assunto, limitando-se a dar conta do fim do acordo publicitário.
A decisão da Lego surge na sequência da capa do "Daily Mail" - onde se lia "Inimigos do Povo" em baixo de três juizes -, no dia seguinte à deliberação do Tribunal Superior britânico que impediu o governo britânico de pôr em marcha o Brexit sem acionar o Parlamento.
794305335158853634
A capa encheu de críticas o email da entidade reguladora da comunicação social e motivou Bob Jones, pai de um amante da Lego, a divulgar uma carta aberta no Facebook, onde explica porque é que a empresa estaria a agir mal.
Além da Lego, outras companhias como John Lewis, Waitrose e Marks & Spencer pararam de publicitar nos diários "Daily Mail", "The Sun" e "Daily Express".