A Rússia disse, este sábado, que tinha transferido corpos de soldados ucranianos para área de entrega e enviou uma lista de detidos para a Ucrânia, que terá adiado "inesperadamente" a operação. Já Kiev acusou Moscovo de “manipulação” e “jogos sujos”, pois não terá cumprido com o acordo.
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Os únicos resultados concretos das negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia na Turquia, a segunda troca de prisioneiros e a entrega de corpos de combatentes, previstas para este sábado, foram adiadas, provocando uma troca de acusações entre Moscovo e Kiev. O momento de tensão ocorreu no mesmo dia em que os russos voltaram a atacar diversas partes do país vizinho, resultando em pelo menos dez mortes.
Nas conversações em Istambul, ficou acordado que ambos libertariam, neste fim de semana, os soldados mais gravemente feridos e os com idade inferior a 25 anos. Seriam mais de mil prisioneiros de cada lado. Além disso, cada um entregaria os corpos de seis mil combatentes.
Segundo o chefe da delegação russa nas negociações, Vladimir Medinsky, Moscovo transferiu os primeiros 1212 cadáveres congelados para o ponto de entrega, na fronteira com a Ucrânia, e enviou uma lista dos primeiros 640 prisioneiros de guerra a serem libertados. “No entanto, a Ucrânia decidiu adiar inesperadamente e por tempo indeterminado tanto a aceitação dos corpos como a troca de prisioneiros”, acusou o também assessor de Vladimir Putin. “Instamos Kiev a cumprir rigorosamente o calendário e a iniciar imediatamente a troca”, escreveu o oficial na aplicação de mensagens Telegram, citado pela agência estatal Tass.
O Quartel-General de Coordenação para o Tratamento de Prisioneiros de Guerra da Ucrânia acusou a Rússia de “manipulação” e de realizar “ações unilaterais”. A entidade afirmou que nenhuma data tinha sido definida para a entrega dos corpos e que a lista de nomes dos prisioneiros a serem libertados não correspondia com o acordo. “Apelamos ao lado russo a que pare de jogar jogos sujos e volte ao trabalho construtivo para trazer as pessoas de volta para ambos os lados e para implementar claramente o acordo nos próximos dias”, completou o órgão estatal de Kiev.
Kharkiv alvo de ataques
Kharkiv sofreu “o ataque mais poderoso desde o início da guerra em grande escala”, disse o presidente da Câmara da cidade no Nordeste da Ucrânia. No final de sábado, a Rússia lançou bombas guiadas que mataram uma mulher de 30 anos, identificada como uma funcionária da empresa ferroviária ucraniana. Outras 18 pessoas ficaram feridas neste caso, segundo o jornal “The Kyiv Independent”.
Ao longo do dia, os russos utilizaram também drones e mísseis, atingindo alvos como um edifício residencial de nove andares, provocando a morte de três pessoas e deixando 19 feridos, incluindo um bebé de um mês. As autoridades fazem ainda buscas numa instalação industrial onde se suspeita que seis pessoas estejam soterradas nos destroços.
A Ucrânia reportou ainda que pelo menos três pessoas foram mortas na região de Donetsk, enquanto mais três morreram em Kherson. Ambas são parcialmente ocupadas pelos russos, que reivindicam o controlo total.
A Força Aérea ucraniana anunciou também, sem dar pormenores, que abateu neste sábado um caça russo Su-35 na região de Kursk. De acordo com o Estado-Maior de Kiev, 414 aeronaves de Moscovo já foram destruídas desde a invasão em larga escala, em fevereiro de 2022.