Um jovem franco-alemão de 19 anos detido no Irão desde junho foi libertado, anunciou esta quarta-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, adiantando que Lennart Monterlos deverá chegar na quinta-feira a França.
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"Lennart Monterlos está livre", declarou Jean-Noël Barrot à agência noticiosa France-Presse (AFP).
"Mas não esqueço Cécile Kohler e Jacques Paris, cuja libertação imediata exigimos", acrescentou o ministro, referindo-se aos outros dois cidadãos franceses que estão presos no Irão há mais de três anos.
"Estamos aliviados por termos o nosso filho de volta junto de nós", reagiram os pais do jovem, numa declaração enviada à AFP pela advogada, Chirinne Ardakani.
Originário do leste de França, Lennart Monterlos foi detido em 16 de junho em Bandar-Abbas, no sul do Irão, quando atravessava o país de bicicleta sozinho, ao terceiro dia da guerra (de 12 dias) entre o Irão e Israel. Foi detido quando se preparava para sair do país em direção ao Afeganistão. O visto iraniano estava prestes a expirar.
A libertação do jovem era esperada depois de a justiça iraniana ter anunciado, na segunda-feira, a sua absolvição, alguns meses após a acusação por espionagem. Desde a detenção, a França tinha condenado a medida, considerando-a arbitrária.
Praticante de desporto e apaixonado por viagens e aventura, Monterlos foi libertado no fim de semana e recebido na embaixada de França em Teerão, onde aguardava os documentos administrativos necessários para deixar o território da República Islâmica, adiantaram fontes diplomáticas francesas.
Segundo as fontes, a chegada a Paris está prevista para quinta-feira de manhã.
"Os nossos pensamentos estão também com Cécile (Kohler) e Jacques (Paris), cujo regresso esperamos o mais rapidamente possível, e por quem continuaremos a lutar, ao lado das suas famílias e de todos os reféns europeus ainda detidos arbitrariamente", acrescentaram os pais do jovem, na mesma declaração escrita transmitida à AFP.
Monterlos era um "refém de Estado"
Para a diplomacia francesa, Monterlos era considerado um "refém de Estado", tal como Cécile Kohler, professora de francês de 41 anos, e o seu companheiro, Jacques Paris, de 72 anos, professor de matemática reformado.
O casal Kohler/Paris foi detido no último dia de uma viagem turística ao Irão e, desde então, foi acusado de "espionagem para a Mossad", os serviços secretos israelitas, de "conspiração para derrubar o regime" e de "corrupção na Terra".
O paradeiro do casal continua incerto, apesar de sinais positivos emitidos nas últimas semanas, tanto em Teerão como em Paris.
Recentemente, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, gerou expectativas ao falar da possibilidade de uma troca entre os dois franceses e Mahdieh Esfandiari, uma cidadã iraniana detida em França.
Na segunda-feira, numa entrevista à rádio France Inter, Jean-Noël Barrot reafirmou que existem "perspetivas sólidas para conseguir o regresso de ambos em breve".
Nos últimos dez anos, o Irão tem multiplicado as detenções de cidadãos ocidentais, nomeadamente franceses, acusando-os frequentemente de espionagem, com o objetivo de os usar como moeda de troca para libertar iranianos ligados ao regime detidos no estrangeiro ou obter contrapartidas políticas.