Libertado Giovanni Brusca, "O porco" da máfia Cosa Nostra que matou o juiz Giovanni Falcone
Giovanni Brusca, um ex-membro da máfia Cosa Nostra, está completamente livre, depois de ter cumprido os quatro anos de liberdade condicional a que foi sujeito em 2021, gerando uma onda de indignação em Itália. Confessou mais de 100 assassinatos, entre eles o do juiz antimáfia Giovanni Falcone, em 1992.
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Terminaram no final de maio os quatro anos de liberdade condicional que tinham sido impostos pelos magistrados ao "chacinador" italiano, que depois de um falso arrependimento em tribunal decidiu colaborar com a justiça, confessando a autoria de mais de 100 homicídios, informa a agência de notícias italiana ANSA.
No total, cumpriu 25 anos de cadeia e, em 2021, Itália explodiu em fúria quando se soube que cumpriria o resto da pena em liberdade condicional. O prazo terminou agora, e o "porco" da Cosa Nostra, como ficou conhecido, vai viver longe da Sicília, sujeito a um programa de proteção.
Matou juiz antimáfia e menino de 12 anos
Brusca ativou um controlo remoto que detonou uma bomba com 400 quilos de explosivos, que estavam enterrados numa estrada perto de Palermo, matando Giovanni Falcone, a sua mulher e três guarda-costas, em 1992. Ganhou nessa altura a alcunha de "o Porco" ou "o Chacinador", por ter derrubado o lendário juiz que dedicou a vida a lutar contra a máfia.
Era um dos colaboradores mais próximos de Totò Riina, chefe da Cosa Nostra, a máfia siciliana, e também tinha raptado Giuseppe Di Matteo, um rapaz de 12 anos, em 1993.
Após dois anos preso em condições indescritíveis, o rapaz foi estrangulado e dissolvido em ácido, crime praticado como vingança contra o pai, Santino Di Matteo, um ex-membro da máfia que concordou em colaborar com a justiça. Segundo a polícia, tratou-se de "um dos crimes mais hediondos da história da Cosa Nostra".
Santino afirmou ao jornal italiano "Corriere della Sera", aquando da libertação de Brusca que o ex-mafioso "não é humano, não merece nada". "Além do meu filho, matou uma mulher grávida de 23 anos, que não tinha nada a ver com a máfia, depois de torturar o namorado dela", afirmou. Di Matteo vive ainda hoje escondido com medo de represálias da organização criminosa.
Em 2021, a libertação de Brusca foi também criticada por muitos líderes políticos, com o líder do Partido Democrático (PD), Enrico Letta, a descrever a libertação como "um murro no estômago (que) deixa alguém sem palavras, perguntando-se como é possível".
Maria Falcone, irmã do famoso juiz Giovanni Falcone, disse à ANSA, em 2021, que a liberdade condicional do homicida era a nível humano uma notícia que a magoava, "mas a lei sobre a redução das penas para a colaboração de mafiosos é uma lei que o meu irmão queria e, portanto, deve ser respeitada. Só espero que a justiça e a polícia estejam vigilantes, com extrema atenção, a fim de evitar o risco de que ele cometa crimes novamente".
"O porco" foi detido em 1996 e admitiu ter executado mais de 100 pessoas.
Vídeo da captura: