Presidente do PP afirma ter feito "todo o possível" e que vai "continuar a trabalhar" por Espanha. Conservador teve 172 dos 176 votos necessários.
Corpo do artigo
O presidente do Partido Popular (PP) e candidato à investidura até tentou contra-atacar as intervenções dos partidos durante os debates, mas foi em vão. Alberto Núñez Feijóo saiu derrotado, angariando 178 votos negativos e 172 votos favoráveis, quatro a menos que precisava para alcançar a maioria absoluta e assumir o Executivo.
O líder popular, em declarações reproduzidas pelo jornal "El País", afirmou ter feito "todo o possível" e que vai "continuar a trabalhar" pela Espanha. O conservador conquistou os já esperados 137 apoios do PP, 33 do Vox, um da Coligação Canária (CC) e um da União do Povo Navarro (UPN).
Feijóo demonstrou estar com foco na votação que ocorre esta sexta-feira, em que precisaria uma maioria simples - cenário difícil, já que nenhum deputado optou esta quarta-feira pela abstenção, voto que ajudaria o aspirante ao Palácio de Moncloa. Questionado se estava satisfeito, o ex-chefe de Governo galego replicou: "Não posso estar mais, garanto-lhe, sinceramente".
Postura combativa
O presidente do PP, momentos antes, apresentou uma postura combativa no segundo dia de debates. Isso porque, entre os discursos, estavam os do Partido Nacionalista Basco (PNV), do Bloco Nacionalista Galego (BNG) e, principalmente, do EH Bildu - que tem a presença de ex-membros do antigo grupo terrorista ETA.
O porta-voz do PNV, Aitor Esteban, destacou que o partido não votaria a favor de Feijóo devido à presença do Vox. Já Mertxe Aizpurua, do Bildu, expressou o desejo de "uma maioria plurinacional que permita a formação de um Governo progressista". Néstor Rego, do BNG, relembrou quando o atual líder do PP disse que a "Galiza era uma nação sem Estado", em 2014.
Feijóo, defendido no segundo dia nos discursos da UPN e da CC, poupou maiores ataques ao PNV e ao BNG. O alvo foi o Bildu, criticado pelo conservador desde a campanha eleitoral. "Tudo o que Bildu diz sem uma desculpa real às vítimas da ETA e sem colaborar com a Justiça para esclarecer os mais de 350 assassinatos da ETA não tem valor", denunciou. "Por isso é um orgulho saber que vocês não vão votar em mim", acrescentou.
A última a discursar foi a porta-voz do PP, Cuca Gamarra, que condenou a intenção de Pedro Sánchez amnistiar os independentistas. "Se a amnistia era boa, por que não incluíram-na no programa eleitoral?", indagou. Gamarra queixou-se ainda da ausência do chefe de Governo interino no debate de terça-feira, acusando-o de "vender a Espanha por puro interesse pessoal".
Sánchez entrou mudo e saiu calado - com a expectativa de falar apenas no próprio debate de investidura. Coube ao porta-voz parlamentar, Patxi López, explicitar a visão do PSOE, dizendo que Feijóo continua na posição de "líder da oposição". "Ele fala sobre diálogo e depois insulta todos que não o apoiam", completou.