O político eurocético britânico Nigel Farage manifestou-se esta sexta-feira aberto a fazer um pacto com o partido Conservador se o primeiro-ministro, Boris Johnson, abandonar o acordo negociado com Bruxelas para permitir uma saída ordenada da União Europeia.
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"Deixe cair o acordo, porque não representa o Brexit", disse esta sexta-feira, no lançamento da campanha do Partido do Brexit para as eleições legislativas de 12 de dezembro.
Farage, que defende um divórcio sem acordo, disse estar disposto a um entendimento se Johnson se comprometer a, no futuro relacionamento, negociar um acordo de comércio livre com a UE semelhante ao do Canadá, sem alinhamento com as regras europeias.
O líder do Partido do Brexit sugere que Johnson estipule o dia 1 de julho de 2020 como prazo para assinar esse acordo de comércio livre e sugere que, se não for alcançado até lá, o Reino Unido deveria sair da União Europeia e recorrer à Organização Mundial do Comércio.
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"Se o Boris estiver disposto a fazer isso, penso que seria razoável", afirmou.
De acordo com Farage, a única forma de resolver [o processo do Brexit] é com uma aliança política dos partidos determinados na saída britânica da UE, o que proporcionaria a Boris Johnson "uma maioria muito grande".
Se o partido Conservador não aceitar uma coligação, que resultaria em candidatos únicos, o atual eurodeputado garante ter condições para apresentar candidatos a deputados em todos os 650 círculos uninominais do país, incluindo ele próprio.
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O Partido do Brexit foi fundado no início deste ano para pressionar o governo conservador a romper com a UE e foi o mais votado nas eleições europeias de maio, com 31,6% dos votos, alegando 29 eurodeputados.
O partido Conservador já disse várias vezes que não pretende fazer pactos com Farage.
"Não estamos interessados em fazer pactos com o Partido do Brexit ou com mais ninguém", afirmou hoje o secretário das Comunidades, Robert Jenrick, em declarações à BBC, afirmando que o objetivo é ganhar as eleições.
Nos últimos meses, Boris Johnson disse que "preferia estar morto numa valeta" do que adiar a saída do Reino Unido da UE e reafirmou que o Brexit se concretizaria a 31 de outubro, "acontecesse o que acontecesse".
Porém, esta semana o Reino Unido acabou por aceitar um novo prolongamento do processo para o Brexit, que estava previsto terminar na quinta-feira, mas que agora pode ser concluído até 31 de janeiro.