O líder do partido irlandês Sinn Féin, Gerry Adams, foi detido, na quarta-feira, para interrogatório no âmbito da investigação ao homicídio de uma mulher católica, em 1972. Antes de ser levado para a esquadra, Adams reiterou a sua inocência.
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Na altura do crime, Jean McConville tinha 37 anos, era viúva e tinha 10 filhos a seu cargo. Foi sequestrada de sua casa em Divis, um bairro de Belfast, por um grupo de 12 membros do IRA (Exército Republicano Irlandês) - por suspeita de ser uma informadora da Polícia britânica - e executada. O seu corpo só foi encontrado em 2003 enterrado numa praia no condado de Louth, a cerca de 80 quilómetros de Belfast.
Segundo o jornal espanhol "El País", o IRA só admitiu a sua participação no crime em 1999, depois da assinatura dos acordos de paz do ano anterior. As investigações entretanto desenvolvidas concluíram que Jean McConville não era informadora da Polícia britânica.
Em comunicado, o número dois do Sinn Féin, Lou McDonald, criticou o facto de a detenção ocorrer em plena campanha para as eleições europeias. "Creio que o momento desta última decisão do Serviço de Polícia da Irlanda do Norte foi decidido com base em critérios políticos e pretende prejudicar Gerry Adams e o Sinn Féin", escreveu.
Na mesma nota, o líder do partido refere que, há um mês, se ofereceu de forma voluntária para prestar declarações no âmbito da investigação. "Acho que o assassínio de Jean McConville e o seu funeral secreto foi um erro e uma lamentável injustiça para ela e para a família", acrescentou, reiterando que, embora nunca se tenha desvinculado do IRA, é "inocente" no que diz respeito ao homicídio de Jean McConville.
Em março, um dos líderes do IRA na década de 70, Ivor Bell, de 70 anos, foi detido no âmbito do mesmo caso. Outras pessoas, tal como Gerry Adams, têm estado a ser interrogadas, embora nenhuma tenha ainda sido formalmente acusada.