Um líder de um grupo radical islâmico do Mali, ligado à al-Qaeda, foi entregue ao Tribunal Penal Internacional em Haia, na Holanda, como suspeito de ter tomado parte na destruição em 2012 de mausoléus em Timbuktu.
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Pela primeira vez na sua história, o Tribunal Penal Internacional (TPI) investiga um caso relativo com a destruição de edifícios religiosos e monumentos históricos.
Ahmad al Faqi al Mahdi, do grupo radical islâmico Ansar Dine, foi entregue ao TPI "por autoridades do Níger e chegou à unidade de detenção do tribunal, na Holanda", anunciou o TPI num comunicado, precisando que o mandado de captura de Al-Faqi datava de 18 de setembro de 2015.
Em 2012, insurgentes ligados à rede al-Qaeda (Ansar Dine e AQMI) tomaram Timbuktu - a cerca de mil quilómetros a nordeste da capital do Mali, Bamako - e destruíram monumentos históricos e religiosos da cidade, incluindo santuários islâmicos catalogados pela UNESCO como património mundial.
Timbuktu, batizada como "a cidade dos 333 santos" dispõe de muitos túmulos e mausoléus de santos e eruditos, o que sempre suscitou a recusa dos elementos mais ortodoxos da ala sunita, cuja visão da religião os leva a considerar idolatria e heresia qualquer outra forma de culto ou adoração que vá além do mais rigoroso monoteísmo.
Cerca de 4 mil manuscritos foram perdidos, roubados ou queimados, durante a tomada islâmica e 10 mil outros descobertos em condições de armazenamento desadequadas.
A agência da ONU começou a reconstruir Timbuktu, com o governo maliano e outras organizações internacionais, depois de uma operação militar, liderada pela França, em 2013 que levou os 'jihadistas' a abandonarem a cidade.
A reconstrução, que teve início no ano passado, depende fortemente de métodos tradicionais de construção e de conhecimento cultural da área, gerou aproximadamente 140 empregos.