Líder supremo do Irão celebra “dura bofetada” aos Estados Unidos em clima de guerra retórica
Ali Khamenei ameaçou, esta quinta-feira, com mais retaliação a bases militares norte-americanas. CIA e Pentágono insistem em grandes danos ao programa nuclear iraniano.
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O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, classificou o ataque contra a base militar dos Estados Unidos no Catar como uma “dura bofetada” e ameaçou com novas retaliações contra as estruturas norte-americanas na região. Já Washington, num cenário de muito questionamento, tem defendido que o bombardeamento de três instalações provocou grande prejuízo ao programa nuclear de Teerão.
O ayatollah disse que “o regime dos EUA entrou diretamente na guerra porque sentiu que, se não o fizesse, o regime sionista [de Israel] seria completamente destruído”. Sobre o ataque à base no Catar, acusou Donald Trump de “minimizar” a “dura bofetada na cara dos EUA” que o Irão desferiu e que gerou “danos”.
Khamenei considerou também “exageradas” as declarações sobre o impacto causado pelos ataques de Washington às instalações nucleares. Prometendo nunca se render aos EUA, reiterou que o Irão “tem acesso a importantes bases norte-americanas na região e pode agir contra elas sempre que considere necessário”.
Reconstrução levará anos
Após um relatório preliminar divulgado pela Imprensa indicar um atraso de apenas alguns meses no desenvolvimento do programa nuclear de Teerão, a Agência Central de Inteligência (CIA) publicou um documento em que afirma que “o programa nuclear do Irão foi severamente prejudicado”. Citando uma fonte “historicamente fiável e precisa”, o diretor da CIA, John Ratcliffe, argumentou que “várias instalações nucleares iranianas importantes foram destruídas e teriam de ser reconstruídas ao longo dos anos”.
O Pentágono qualificou a operação como um “espetacular sucesso militar”. “O presidente Trump criou as condições para pôr fim à guerra, dizimando – escolha a sua palavra – obliterando, destruindo as capacidades nucleares do Irão”, declarou o secretário da Defesa, Pete Hegseth.
Com Teerão a assegurar que transferiu o urânio enriquecido das instalações que foram alvo dos ataques, Trump alegou ainda que “nada foi retirado”. “Levaria muito tempo, seria muito perigoso, seria muito pesado e difícil de mover!”, escreveu o presidente.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) “perdeu a visibilidade deste material no momento em que as hostilidades começaram”, revelou o diretor-geral da agência da ONU ao canal France2. “Não quero dar a impressão de que ele foi perdido ou escondido”, acrescentou Rafael Grossi. A suspensão da cooperação iraniana com a AIEA foi confirmada esta quinta-feira pelo Conselho dos Guardiões, órgão com juristas e teólogos, um dia após ter sido aprovada pelo Parlamento.