O líder xiita radical Moqtada al-Sadr afirmou numa carta divulgada este domingo que qualquer força estrangeira que permaneça no Iraque deve ser considerada um "ocupante opressor" contra o qual há que "resistir por meios militares".
Corpo do artigo
"Consideraremos quem quer que seja que fique no Iraque um ocupante opressor, contra o qual será necessário resistir por meios militares", declarou al-Sadr, referindo-se à recente luz verde do Governo iraquiano à abertura de negociações para a manutenção no Iraque de um contingente de formadores militares norte-americanos após o fim de 2011.
"Qualquer governo que aceite a presença deles, mesmo para fins de formação, é um governo fraco", acrescentou, numa outra carta divulgada no sábado pelos seus serviços na cidade de Najaf, onde reside.
Moqtada al-Sadr mostrou-se ainda mais directo na carta divulgada este domingo: "Deveríamos unir-nos para rejeitar a presença do ocupante infiel e dos exércitos da obscuridade, e recusamos qualquer presença, das bases militares até aos formadores", escreveu.
"Não tem lógica que o ocupante forme os nossos soldados e os nossos polícias quando existem outras alternativas", defendeu.
"Temos esperança, porque as pessoas continuam alerta e compreendem tudo o que se passa à sua volta: todos os iraquianos, em particular as tribos, os universitários, os escritores e todos aqueles que amam a religião, o país e o povo deverão revoltar-se contra isto", concluiu.
As principais forças políticas iraquianas consultaram-se na quarta-feira para autorizar o Governo a negociar com os Estados Unidos a manutenção de um contingente limitado de formadores americanos depois do prazo de final de 2011, após o qual os 47 mil soldados americanos ainda presentes no Iraque deverão abandonar o país.
A facção "sadrista", que tem 40 deputados no Parlamento iraquiano e vários ministros no Governo, opõe-se a este projecto.
Na primavera, o próprio Moqtada al-Sadr tinha ameaçado reactivar a sua poderosa milícia, o Exército do Mahdi, se as tropas americanas não saíssem do Iraque até ao final deste ano, mas acabou por desistir dessa intenção a 10 de Julho, explicando que a milícia estava agora "infestada de criminosos".
No final de Julho, exortou todos os que querem fazer parte do seu movimento a "considerar seus inimigos os Estados Unidos, o Reino Unido e Israel, mas tendo em conta que a resistência militar só deve ser levada a cabo por especialistas".
O Exército do Mahdi, que várias vezes combateu as forças americanas, já foi considerado pelo Pentágono a principal ameaça para a estabilidade do Iraque, antes de suspender as suas actividades, em 2008.