Vários países, entre os quais a França, Reino Unido e a Itália, pediram a desescalada do conflito e contenção a Israel e ao Irão, após informações divulgadas sobre um alegado ataque israelita contra o território iraniano.
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"A posição da França é apelar a todos os parceiros da região ao desanuviamento e à contenção", declarou o ministro francês para a Europa, Jean-Noël Barrot, à Rádio Sud, após informações sobre o suposto ataque israelita contra o Irão. "É sem dúvida um pouco cedo para poder comentar o que aconteceu na noite de ontem [quinta-feira]", acrescentou Barrot, sublinhando que o Presidente francês, Emmanuel Macron, falará "no devido tempo".
O chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, que preside uma reunião dos seus homólogos do G7 em Capri, apelou também hoje ao controlo da situação. "Pedimos a todos que sejam cautelosos e evitem a escalada. O G7 quer uma desescalada absoluta numa região dominada por graves tensões", declarou o ministro italiano na televisão pública RAI.
O Governo alemão alinhou na posição de pedir calma e contenção perante a situação. "A diminuição da tensão deve ser a mensagem do momento", defendeu um porta-voz do chanceler alemão Olaf Scholz.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou hoje a Israel e ao Irão para que "se abstenham de qualquer ação adicional", depois de relatos de uma retaliação israelita contra o Irão. "É absolutamente necessário que a região [Médio Oriente] permaneça estável e que todas as partes se abstenham de qualquer ação adicional", disse a presidente do executivo comunitário, em Helsínquia, à margem de uma visita à Finlândia, acompanhada pelo primeiro-ministro do país, Petteri Orpo.
"Como Governo, reconhecemos muito claramente que Israel tem o direito de se defender. Na verdade, juntámo-nos a outros para fazer exatamente isso quando o Irão realizou um ataque muito significativo contra Israel no fim de semana passado", declarou ministra do Trabalho e Pensões britânica, Mel Stride, à rádio Times. "No entanto, ao mesmo tempo, instamos os nossos aliados israelitas e outros na região a trabalharem arduamente na contenção do conflito, acrescentou Stride. "Essa é a mensagem importante que temos por enquanto, mas obviamente temos que esperar e ver como os eventos se desenrolam e o que exatamente aconteceu", referiu a responsável britânica.
A China opôs-se a qualquer escalada das tensões no Médio Oriente, afirmando querer desempenhar "um papel construtivo", na sequência das explosões no Irão que a imprensa norte-americana atribuiu a ataques lançados por Israel. "A China opõe-se a qualquer ação que possa levar a uma escalada das tensões e vai continuar a desempenhar um papel construtivo", disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Lin Jian, em conferência de imprensa.
O Kremlin (presidência russa) pediu contenção às partes, mas escusou-se a apontar eventuais responsáveis pelo ataque. "Continuamos a encorajar as partes a exercerem contenção e a absterem-se de qualquer ação que possa provocar uma nova escalada numa região tão sensível", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros turco alertou para o risco de um "conflito permanente" e atribuiu o ataque do Irão a uma retaliação de Israel. "Torna-se cada vez mais evidente que as tensões inicialmente causadas pelo ataque ilegal de Israel à embaixada iraniana em Damasco correm o risco de se transformar num conflito permanente", afirmou o Governo, apelando também à contenção das partes.
O sultanato de Omã "condena o ataque israelita a Isfahan, na República Islâmica do Irão, bem como a repetida agressão militar de Israel na região", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Omã num comunicado de imprensa publicado na rede social X.
O Governo egípcio admitiu estar preocupado com o conflito entre Israel e o Irão e com a possibilidade de se alastrar a toda a região. "O Egito reitera a sua profunda preocupação com a escalada [da tensão] entre o Irão e Israel e alerta para uma expansão regional do conflito", referiu o Ministério dos Negócios Estrangeiros. É preciso "intensificar os contactos com as partes interessadas ou influentes, a fim de conter as tensões e a escalada em curso", sublinhou.
O executivo australiano admitiu estar preocupado com a possibilidade de o conflito provocar ataques terroristas. Há "uma forte ameaça de represálias militares e ataques terroristas", avisou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, instando os australianos em Israel e nos Territórios Palestinianos a saírem desses locais.
Situação "extremamente precária"
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) pediu aos israelitas e iranianos que reduzam as tensões. "Ainda é difícil obter informações exatas (sobre os alegados ataques israelitas hoje ao Irão), mas instamos as partes a tomarem medidas para acalmar a situação", disse o porta-voz do Escritório da ONU, Jeremy Laurence, numa conferência de imprensa.
A fonte oficial apelou ainda aos outros Estados com influência sobre os dois países "que façam todo o possível para que não haja agravamento de uma situação, que já é extremamente precária". Laurence acrescentou que o Alto-Comissáriado da ONU para os Direitos Humanos, liderado por Volker Türk, "está profundamente preocupado com os custos humanitários e de direitos humanos que esta escalada poderá ter se transformar-se num conflito mais amplo no Médio Oriente".
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) apelou também à contenção, lembrando o risco em causa. Embora tenha garantido que não foi observado "nenhum dano" nas instalações nucleares, a agência pediu "a todos que mostrem extrema contenção".
Israel e EUA sem comentários
"Não temos comentários neste momento", disse um porta-voz do exército israelita, citado pela agência de notícias francesa AFP, sobre as explosões.
A Casa Branca, por sua vez, também não fez ainda comentários oficiais.
No entanto, os canais norte-americanos NBC e CNN, citando respetivamente fontes familiarizadas com o assunto e um responsável norte-americano, relataram que Israel tinha avisado Washington antecipadamente sobre o ataque, mas que os EUA não aprovaram nem participaram na operação.