Lima: o novo dispositivo de Kiev que interfere com bombas e tenta travar a Rússia
A Ucrânia desenvolveu um dispositivo de interferência que está a afetar as operações das bombas russas que atingem o país. Tal ferramenta, apelidada Lima, usa novas tecnologias para diminuir a precisão das armas de Moscovo, diminuindo os avanços da Rússia enquanto as negociações para um cessar-fogo não ocorrem.
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Através da interferência e da falsificação de dados, o sistema ucraniano atrapalha a navegação dos Módulos unificados de deslizamento e correção (UPMK) russos, não permitindo que este armamento utilize a navegação por satélite. As bombas planadoras de Moscovo só conseguem usar então o sistema de navegação inercial, que se baseia nas coordenadas iniciais inseridas e calcula o posicionamento a partir do movimento.
Desta forma, os UPMK, kits que adaptaram bombas com desenho soviético para tornarem-se munições de precisão, perderiam tal exatidão. O Lima pode desviar, alegadamente, os ataques russos em 50 a 100 metros, com a margem de erro a crescer quanto maior for a distância de voo restante. Os módulos da Rússia têm alcance de mais de 40 quilómetros e, caso não haja interferência, precisão de até cinco metros, levando explosivos de mais de três toneladas.
"Usamos interferência digital", afirmou à revista norte-americana Forbes um representante da desenvolvedora ucraniana Night Watch. "[É] uma combinação de interferência, falsificação e ciberataque de informação no recetor de navegação", acrescentou.
"Após a implantação do sistema, a precisão dos bombardeamentos diminuiu primeiro e, depois, apercebendo-se da ineficácia deste método de destruição e da impossibilidade de atingir o objectivo, o inimigo deixou completamente de bombardear os centros regionais", alegou o representante da empresa com dez pessoas.
Fim da "era dourada"
O "Fighterbomber", canal não oficial da Força Aérea russa na aplicação de mensagens Telegram, comunicou, em fevereiro, que "a era dourada do divino UMPK acabou por ser de curta duração". "As bombas ainda estão a voar", assinalou, "mas há um porém. Todos os sistemas de correção guiados por satélite saíram do chat", com os bloqueadores ucranianos a "saturar a linha de frente".
O chefe de Gabinete do Ministério da Defesa alemão, citado pela revista britânica "The Economist", saudou a capacidade significativa dos engenheiros ucranianos. Nico Lange considera um "verdadeiro avanço no campo dos sistemas de guerra eletrónica".