Responsáveis pela Justiça e Segurança Pública, Fazenda, Casa Civil, Defesa e Relações Exteriores enfrentam desafios pós-Bolsonaro.
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Nenhuma surpresa no anúncio dos primeiros nomes de ministros do Governo de Lula da Silva, já antes soprados pelos média brasileiros. O presidente eleito divulgou esta sexta-feira, na sede da comissão de transição, em Brasília, os indicados para as tutelas da Fazenda, Casa Civil, Defesa, Justiça e Segurança Pública, e Relações Exteriores.
A pasta da Economia, que voltará a ser chamada de Ministério da Fazenda, ficará com Fernando Haddad. O ex-ministro da Educação (2005-2012) de Lula e Dilma Rousseff foi prefeito de S. Paulo entre 2013 e 2017 e candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às presidenciais de 2018, quando substituiu Lula, que estava detido. O ex-autarca disse que já começou a formar a equipa da tutela. Haddad encontrará um Brasil com 33 milhões em situação de fome e com aumento da miséria.
A Casa Civil, responsável por administrar e articular as políticas dos ministérios, ficará com o atual governador da Bahia, Rui Costa (PT). O cargo já foi ocupado por Dilma e, graças ao desempenho nele, a "petista" tornou-se a candidata às presidenciais de 2010, em que venceu.
Defesa trata dos militares
A Defesa será de José Múcio Monteiro, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o mesmo de Roberto Jefferson - detido após resistir, com tiros, à prisão pela Polícia Federal, em outubro. Deputado federal durante cinco mandatos e ex-juiz do Tribunal de Contas, Múcio é considerado um político conciliador, tendo boas relações com Lula e Bolsonaro. O futuro ministro terá a difícil missão de lidar com os militares que ocupam cargos no Governo federal e que apoiam o atual chefe de Estado. Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", Múcio quer impedir a renúncia dos três comandantes das Forças Armadas antes da posse de Lula.
O presidente eleito não cumpriu uma promessa de campanha ao não separar em duas tutelas o Ministério da Justiça e Segurança Pública, recebendo críticas de especialistas. O ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, comandará a pasta responsável pela questão do armamento da população, apontada pelo portal G1 como uma prioridade do futuro ministro. O senador, eleito em outubro, é do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o mesmo do próximo vice-presidente, Geraldo Alckmin. Dino é um dos nomes adiantados pela Imprensa para uma eventual vaga no Supremo Tribunal Federal, em 2023.
O comando das Relações Exteriores ficará com o embaixador do Brasil na Croácia, Mauro Vieira. O diplomata já esteve na liderança do Palácio Itamaraty entre 2015 e 2016, tendo saído com a destituição de Dilma. Vieira terá o desafio de trazer um Brasil "rebaixado à condição de pária", como classificou o jornal "Folha de S. Paulo", de volta ao cenário internacional.