
Lula da Silva tem assumido em campanha o branco "pela paz"
ANDRÉ COELHO/EPA
Candidato de Esquerda deixou de usar a cor histórica do Partido dos Trabalhadores, enquanto Bolsonaro faz uso da bandeira nacional
Lula da Silva apareceu no palco de um comício em São Paulo, a 24 de setembro, com uma camisa vermelha, a cor do Partido dos Trabalhadores (PT). Esta foi a última vez que o candidato de Esquerda foi visto em público com uma vestimenta rubra, com apenas algumas aparições seguintes a trajar um boné do PT, mas com camisas azuis, cinzas e brancas a acompanhar. A mudança na paleta de cores não é em vão: o candidato apela, assim, ao voto do eleitor de centro e de Direita que rejeita Bolsonaro e hesita em apoiar o "petista".
A cor branca ganhou destaque na campanha de Lula após um conselho de Simone Tebet, que obteve 4,2% dos votos na primeira volta. A candidata, citada pelo jornal Folha de S. Paulo, disse que o vermelho "assustaria" os eleitores do interior de São Paulo e de estados do Centro-Oeste, Sul e Norte, regiões em que Bolsonaro ficou na frente. Tebet defendeu ainda que as pessoas votariam contra o atual presidente, e não no PT.
Estudiosos apontam que a identidade visual da campanha de Lula é um reflexo da chamada "frente ampla", que inclui o candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin, antigo adversário político de Direita, pessoas ligadas ao mercado financeiro e a própria Simone Tebet. "As cores da campanha, para os eleitores, são mais um detalhe", afirmou o politólogo Cláudio Gonçalves Couto, citado pela BBC. Os apoiantes de Lula, apesar da orientação para usarem o branco "pelo amor e pela paz" nos comícios, preferem criar um "mar" vermelho ao redor do candidato, com camisas e bandeiras.
O rubro é utilizado como bode expiatório pelos adversários para trazer à superfície o "fantasma do comunismo", como o próprio PT define. Em conjunto com o afastamento das "assombrações" associadas ao vermelho, a campanha de Lula decidiu adotar as cores da bandeira do Brasil (amarelo, azul e verde) na campanha, além de diminuir o destaque da estrela, ícone do partido.
Amarelo, azul e verde
As cores associadas ao país são utilizadas por Jair Bolsonaro em 2022, assim como fez em 2018. O atual presidente vestiu por diversas vezes a camisola da Seleção Brasileira de futebol, a "amarelinha", enquanto os apoiantes abrigavam-se na bandeira nacional. Bolsonaro mandou, por exemplo, colocar uma bandeira nacional gigantesca na frente do Palácio do Planalto, em plena segunda volta, com a alegação de que ninguém teria coragem de retirá-la. Alguns dias depois, um forte vento viria a rasgar a flâmula.
No final, as cores são apenas uma parte da estratégia de comunicação dos candidatos à presidência, que esperam receber a "luz verde" dos eleitores no próximo domingo.
