O presidente francês, Emmanuel Macron, apelou a uma união entre sociais-democratas, ecologistas e democratas-cristãos para combater a “febre extremista” nas eleições antecipadas que convocou, para 30 de junho, depois dos resultados das europeias de domingo.
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Em conferência de Imprensa na manhã desta quarta-feira, Macron referiu que a vitória da extrema-direita “é um facto político que não pode ser ignorado” e que as eleições legislativas vão ser “um teste de verdade entre aqueles que optam por fazer prosperar os seus negócios e aqueles que querem fazer prosperar a França”. Disse que, depois do anúncio da dissolução da Assembleia Nacional, na noite de domingo, “as máscaras caíram”.
O presidente referiu-se ao pacto anunciado pelo líder dos Republicanos, Éric Ciotti. “A direita republicana, pelo menos a que está no comando, acaba de fazer uma aliança pela primeira vez com a extrema direita e refiro-me à extrema direita quando falo da União Nacional”. Alusão à conversa de Ciotti com Marine Le Pen e Jordan Bardella, sobre um acordo para as próximas eleições, que terá abrangência nacional.
Emmanuel Macron também disparou contra as negociações à esquerda, entre socialistas, “rebeldes”, ecologistas e comunistas. “A esquerda republicana e os seus líderes, que aparentemente expressaram escolhas claras durante esta campanha europeia, acabaram de se aliar à extrema esquerda, que, durante a mesma campanha, foi acusada de antissemisismo e de antiparlamentarismo”.
Reconhecendo que não é perfeito e que não fez tudo bem, o presidente acredita que, face aos extremos, “o bloco central - progressista, democrático e republicano - está unido e é claro na sua relação com República, com a Europa e com as suas prioridades”. Deixou assim o apelo à união de “social-democratas, radicais, ecologistas, democratas-cristãos, gaullistas e, de forma mais ampla, compatriotas e líderes políticos que não se identificam com a febre extremista”.
“Espero que, quando chegar a hora, homens e mulheres de boa vontade que tenham sido capazes de dizer não aos extremos se unam e criem condições de construir um projeto partilhado, sincero e útil ao país”, disse ainda.
Explicou que um dos motivos que o levaram a convocar eleições antecipadas foi evitar que a extrema-direita vença as presidenciais de 2027 (Marine Le Pen já concorreu três vezes: em 2012, 2017 e 2022), quando termina o seu mandato. “Não quero dar as chaves do poder à extrema-direita em 2027”, disse aos jornalistas.
Por outro lado, acusou o União Nacional de ser “ambíguo” em relação à Rússia e de defender a saída da NATO, deixando ainda críticas ao França Insubmissa por ter “opiniões impossíveis tanto em relação à Ucrânia como em relação ao Médio Oriente”.