Esquerda e União Nacional alcançam resultado histórico nas eleições legislativas. Valor da abstenção é superior ao da primeira volta.
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A segunda volta das eleições presidenciais trouxe um revés ao presidente francês, Emmanuel Macron, que viu a maioria absoluta na Assembleia Nacional fugir-lhe entre os dedos. Para a Nupes, a aliança de esquerda liderada por Jean-Luc Mélenchon, a noite foi de vitória, uma vez que se torna na segunda força política do Parlamento. Já a União Nacional atingiu resultados históricos.
Segundo as projeções divulgadas até ao fecho da edição deste jornal, apesar de perder a maioria absoluta, a coligação presidencial Ensemble garantiu a maioria dos lugares no Parlamento, ainda assim, os resultados podem impulsionar uma negociação partidária que possa garantir ao partido de Macron uma maior autonomia para legislar.
A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, que está em funções há um mês, adiantou que os resultados eleitorais "constituem um perigo para o país", garantindo que o partido irá trabalhar para "alcançar uma maioria pela estabilidade do país".
Se os resultados se confirmarem, a coligação do presidente só deverá conseguir 234 mandatos dos 577 existentes na Assembleia, não podendo votar de forma independente em projetos de lei. A decisão dos gauleses pode ser interpretada como um sinal urgente de limitação à ação política de Macron, após o reelegerem como chefe do Eliseu.
Nova oposição política
Já a Nupes, a primeira frente de esquerda em 25 anos que reúne a esquerda radical, ambientalistas, comunistas e socialistas, deverá sentar 141 deputados, tornando-se na principal força da oposição em França. "Conseguimos o objetivo político que tínhamos proposto a nós mesmos", reiterou Jean-Luc Mélenchon.
A terceira força política francesa para os próximos cinco anos será a União Nacional, partido de extrema-direita liderado por Marine Le Pen, que depois de ter alcançado resultados históricos nas eleições presidenciais, regista agora uma subida drástica em relação às legislativas de 2017, podendo eleger 90 deputados, tendo margem para apresentar moções de censura.
"É de longe o [resultado] mais numeroso da história da nossa família política", sustentou Le Pe, assegurando que a oposição do partido que lidera será "firme" e "sem conluio", mas "responsável e respeitosa".
A quarta força política será o partido Os Republicanos com a representação de 75 políticos, perdendo assim 25 mandatos.
A segunda volta das eleições legislativas registou, sem surpresas, uma taxa de abstenção situada entre os 53,5% e os 54%.