Chefe de Governo que se tinha demitido regressou e pediu, este sábado, o fim de "rídiculo espetáculo". O Executivo esvaziado e o Orçamento de Estado dependerão dos socialistas.
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Ao final da sexta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, cumpriu o prazo de 48 horas e nomeou um primeiro-ministro. O líder do Eliseu surpreendeu e acabou por reconduzir Sébastien Lecornu, que se tinha demitido do Governo no início da semana. O político iniciou uma nova ronda de negociações para tentar formar um Gabinete - que precisa de ser concluída até segunda-feira, caso se queira evitar que as discussões sobre o Orçamento de 2026 se arrastem para o próximo ano.
Lecornu, que aceitou a "clara missão" de Macron, urgiu aos partidos a acabarem com o "ridículo espetáculo" dos últimos dias. "Trata-se de como garantir que, a 31 de dezembro, haja um Orçamento para a Segurança Social e um Orçamento para o Estado", frisou o político do Renascimento, o partido do presidente.
Prazo até segunda-feira
O primeiro-ministro tem até segunda-feira para apresentar um Orçamento, ou seja, precisa ter um Gabinete - ou, pelo menos, indicado os responsáveis pelas tutelas das Finanças, do Orçamento e da Segurança Social - até lá. Após apresentar a proposta para os ministros, terá de o fazer para o Parlamento. O prazo é justificado pelo período de 70 dias garantido pela Constituição para um debate e a aprovação do plano fiscal. O Tribunal Constitucional tem ainda um prazo de oito dias para analisar o diploma.
O novo Executivo não deve contar com a participação de partidos do Centro e da Direita que integraram os Governos anteriores sob a Presidência de Macron. "A confiança e as condições não estão reunidas", afirmou a direção d"Os Republicanos, apelando, no entanto, aos seus legisladores a não serem "arquitetos do caos". A União dos Democratas e Independentes vai dar "apoio sem participação".
A força política Horizontes, do ex-primeiro-ministro Édouard Philippe, está a ponderar uma posição similar, tendo salientado a intenção de manter-se um "fator de estabilidade". O chefe de Governo (2017-2020) que durou mais tempo no período Macron expressou, nesta semana, o desejo de que o Orçamento seja aprovado e, em seguida, que o PM se demita e Macron antecipe as presidenciais. Philippe é um dos nomes na disputa para o Eliseu, prevista, por ora, para 2027.
À Esquerda e ao Centro-Esquerda, A França Insubmissa, Os Ecologistas e o Partido Comunista Francês já indicaram que vão censurar o novo Governo. A União Nacional (extrema-direita), de Marine Le Pen, posicionou-se também pela queda do Executivo, deixando Lecornu dependente do Partido Socialista, que exige a suspensão "imediata" da reforma das pensões de 2023 - que resultou no aumento na idade da reforma de 62 para 64 anos.
O PM, que não descarta abandonar o cargo novamente, encontra-se, desta forma, numa encruzilhada. Lecornu quer um plano fiscal que diminua a dívida pública francesa, ao mesmo tempo que rejeita criar um imposto de 2% sobre patrimónios acima dos 100 mil milhões de euros - outro motivo que desagrada os socialistas.