Emmanuel Macron diz que o governo francês deveria considerar a possibilidade de controlar e bloquear as redes sociais "quando as coisas se descontrolarem" no país.
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O governo acusou os jovens de usarem redes sociais como o Snapchat e o TikTok para incentivar os protestos e a violência após a morte de Nahel, o jovem de 17 anos que foi alvejado mortalmente por um polícia, numa operação de trânsito.
Os distúrbios começaram no dia 27 de junho depois de o jovem, que não tinha carta de condução, ser atingido quando tentava evitar o controlo policial em Nanterre, nos arredores de Paris.
Segundo a associação patronal francesa Medef, os distúrbios já provocaram danos avaliados em cerca de mil milhões de euros: 200 estabelecimentos comerciais foram totalmente pilhados e 300 agências bancárias ficaram destruídas, assim como 250 quiosques de rua.
"Temos de refletir sobre a forma como os jovens utilizam as redes sociais. Quando as coisas se descontrolam, podemos ter de as regular ou de as bloquear", referiu Macron, em declarações citadas pelo "The Guardian".
No entanto, o presidente de França admite que não se deve tomar este tipo de decisão "no calor do momento" e está "satisfeito" por não o ter feito.
De acordo com o jornal britânico, os críticos afirmam que a França se colocaria ao lado de países autoritários como a China, a Rússia, o Irão e a Coreia do Norte ao considerar estas medidas.
"O país dos direitos do homem e dos cidadãos não pode alinhar-se com as grandes democracias da China, Rússia e Irão", escreveu o líder do partido socialista, Olivier Faure, no Twitter.
"Bloquear as redes sociais? Como a China, o Irão e a Coreia do Norte? Mesmo que se trate de uma provocação para desviar as atenções, é de muito mau gosto", acrescentou Olivier Marleix, do partido de centro-direita Les Républicains.
Na sexta-feira, os ministros franceses reuniram-se com representantes do TikTok e do Snapchat. No dia seguinte, o ministro da Justiça, Éric Dupond-Moretti, sugeriu identificar quem utilizou as redes sociais para organizar atos ilegais e levá-los a tribunal.