As cheias no Rio Grande do Sul, no Brasil, já provocaram 83 mortos, de acordo com os dados atualizados esta segunda-feira. O governador regional, Eduardo Leite, decretou na quarta-feira passada estado de calamidade pública por um período de 180 dias.
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De acordo com a Defesa Civil, há 276 feridos e 111 pessoas desaparecidas. O mesmo órgão indicou ainda que cerca de 141,3 mil pessoas estão desalojadas e há outras 19,3 mil em abrigos. Ao todo, 345 dos 496 municípios do estado registaram algum tipo de problema causado pela chuva, que afetou mais de 850 mil pessoas. Eduardo Leite declarou que este era o "maior desastre climático do estado".
As cheias que inundaram o Rio Grande do Sul começaram no início da semana passada e continuam a destruir as infraestruturas do estado brasileiro. Segundo avança a CNN Brasil, o Rio Grande do Sul tem seis barragens em situação de emergência, por se encontrarem em risco de colapso. Uma barragem hidroelétrica desmoronou-se na sexta-feira, perto da cidade de Bento Gonçalves, elevando o estado de alerta.
O nível de água do município brasileiro de Guaíba, em Porto Alegre, está quase 2,30 metros acima do limite de inundação. O portal de notícias brasileiro G1 noticia que, de acordo com uma medição realizada às 5.15 horas locais (1.15 horas em Portugal Continental) desta segunda-feira, o nível de água registado era de 5,26 metros. O limite para inundação é de 3 metros.
O presidente brasileiro, Lula da Silva, sobrevoou, no domingo, as áreas atingidas pelas cheias na região. Foi acompanhado pelo presidente da Câmara Arthur Lira, do Senado, Rodrigo Pacheco, e do vice-presidente do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin.
Lula já tinha visitado a cidade de Santa Maria, uma das áreas atingidas pelos fortes temporais, na passada quinta-feira. Na altura, afirmou que o Governo brasileiro fará "tudo o que for possível para auxiliar os governos municipais e estaduais a remediar os danos aos milhares de famílias".
Ajuda financeira e bens essenciais
Eduardo Leite declarou estado de calamidade, reconhecido pelo governo federal, e instalou uma sala em Brasília e um escritório no Rio Grande do Sul para monitorizar as ações necessárias, de acordo com o G1.
O rasto de destruição causado pelas cheias gerou uma onda de solidariedade pelo país inteiro. Pessoas de todo o Brasil têm organizado campanhas de doações para as regiões afetadas.
Um cidadão de Florianópolis, em Santa Catarina, contou ao JN que organizou com um amigo o envio de um camião com vários bens para o Rio Grande do Sul. Para além de alimentos e água, as doações incluem "um fogão, um frigorífico, um micro-ondas e roupas".
Nas redes sociais, são feitos vários apelos a doações, tanto de valores monetários como de bens essenciais. De acordo com a Defesa Civil, podem ser doados colchões, almofadas, lençóis, cobertores, roupa, água, entre outros. Os correios também anunciaram que o envio de doações será realizado de forma gratuita.
Previsão de chuva continua
A previsão de chuva para esta semana em áreas já afetadas pelo mau tempo volta a deixar o Rio Grande do Sul em alerta. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia, está prevista uma tempestade para esta segunda e terça-feira. O vento pode atingir os 100 km/h e haverá queda de granizo, escreve o órgão brasileiro na rede social X (ex-Twitter).
De acordo com a Climatempo Meteorologia, a temperatura vai baixar até 10°C em algumas áreas, a partir de quarta-feira. Segundo um porta-voz do Exército citado pelo G1, uma queda brusca da temperatura pode dificultar os salvamentos. Para além disso, a temperatura mais baixa aumenta o risco de hipotermia no caso das pessoas que estão à espera de ser resgatadas ao relento ou sob a chuva.
Os especialistas acreditam que o mau tempo que tem devastado a região é um reflexo de três fenómenos meteorológicos diferentes, agravados pelas alterações climáticas. As cheias no Rio Grande do Sul, segundo declarações de especialistas à BBC News Brasil, estão associadas a correntes intensas de vento, a um corredor de humidade vindo da Amazónia, que aumenta a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.
Voos para Porto Alegre suspensos
O aeroporto de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, encerrou todas as operações até pelo menos 30 de maio, admitindo "que não há previsão de retomada das operações".
As autoridades explicaram que, por enquanto, os aviões que transportam ajuda humanitária para a capital poderão utilizar o aeroporto do município vizinho de Canoas, embora este não receba voos comerciais enquanto durar a emergência.