O presidente da Comissão Europeia considera, num artigo publicado no jornal "Le Figaro" desta segunda-feira, que, na atual conjuntura de uma retoma frágil da economia europeia, o maior risco que a União Europeia enfrenta "é de natureza política".
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"No atual estado de coisas, sendo a retoma frágil, o maior risco de deterioração que eu vejo é de natureza política, e o papel dos governos é de garantir a segurança e a previsibilidade de que os mercados ainda necessitam. A constância é o que há de mais importante", escreve José Manuel Durão Barroso no artigo de opinião publicado no diário francês.
De acordo com o presidente do executivo comunitário, numa altura em que se aproximam as próximas eleições europeias - dentro de oito meses -, "a polarização que pode resultar da crise é uma ameaça" para o projeto europeu, instando por isso a classe política europeia a concentrar-se nos domínios onde a Europa pode representar uma verdadeira mais-valia, tornando-se "visível nas grandes matérias, mais discreta nas questões de menor importância".
"A questão que se coloca é então a seguinte: que imagem da Europa será apresentada aos eleitores? A versão sincera ou a versão caricatural? Os mitos ou os factos? A versão honesta e razoável, ou a versão extrema e populista? A diferença é importante. Daqui a oito meses, os eleitores decidirão. Hoje, cabe-nos a nós defender a Europa", sustenta Durão Barroso.
O presidente da Comissão defende ainda, no seu artigo, que "para a Europa, a retoma está à vista" e, com base nos dados de que Bruxelas dispõe e das evoluções que observa atualmente, há "boas razões" para os europeus estarem confiantes.
"A minha mensagem não é ambígua: estes sinais positivos devem incentivar-nos a não diminuir os nossos esforços", sustenta, acrescentando que, antes de tudo o mais, é necessário "concretizar a união bancária" e "criar o crescimento necessário para evitar o cenário de uma retoma sem criação de empregos".
Durão Barroso sublinha que "o atual nível de desemprego é economicamente inviável, politicamente insustentável e socialmente inaceitável".