O candidato do Partido dos Trabalhadores tem declarações públicas favoráveis de três antigos chefes de Estado. Bolsonaro conta com um apoio.
Corpo do artigo
A estratégia de declarações públicas de votos por figuras conhecidas faz parte das campanhas de Lula da Silva e Jair Bolsonaro na segunda volta das presidenciais brasileiras. O apoio dos ex-presidentes do Brasil traz expectativas de que os eleitores que os admiram sigam a escolha desses líderes. Nesse aspeto, Lula está em vantagem, ao receber a ajuda de três ex-chefes de Estado, enquanto Bolsonaro tem apenas um aliado.
A apoiante mais próxima de Lula que trabalhou no Palácio do Planalto é Dilma Rousseff (2011-2016). A ex-presidente, impedida pelo Congresso no meio do segundo mandato, também é do Partido dos Trabalhadores (PT). "O Brasil tem sorte porque a gente podia não ter o Lula", declarou Dilma num comício em agosto.
O candidato de Esquerda recebeu, no início da segunda volta, o apoio de Fernando Henrique Cardoso (FHC), que liderou o Brasil entre 1994 e 2002. O político do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de centro-direita, publicou nas redes fotos da época da ditadura militar com Lula. Junto das lembranças, FHC afirmou que votará no petista "por uma história de luta pela democracia e inclusão social". Na primeira volta, a candidata a vice-presidente de Simone Tebet era do PSDB.
José Sarney (1985-1990), declarou apoio a Lula na segunda-feira. O político do partido de centro Movimento Democrático Brasileiro (MDB), escreveu que o voto no candidato do PT é "pela democracia, pela volta ao regime de alternância de poder, pela busca do Estado de Bem-Estar Social". Sarney comparou Bolsonaro a Trump, Orbán e Putin, acusando ainda o atual presidente de hostilizar os nordestinos e os pobres.
Também do MDB, Michel Temer (2016-2018) decidiu adotar uma posição neutra. Em nota nas redes, Temer esclarece que aplaudirá a candidatura que, além de "defender a democracia", mantenha "as reformas já realizadas" e que proponha "ao Congresso Nacional as reformas que já estão na agenda do país". O apelo às reformas é visto como um aceno a Bolsonaro, pois, segundo a imprensa brasileira, Temer apoia Bolsonaro, mas foi convencido do contrário pelas filhas, que são progressistas.
O único a declarar voto publicamente em Bolsonaro foi Fernando Collor (1990-1992), que foi impedido de governar o país pelo Congresso Nacional. "Esse é o momento de buscarmos os indecisos, reforçar as nossas bandeiras e escolher a melhor opção para o bem do Brasil", argumentou o político ao defender Bolsonaro nas redes. O ex-presidente é filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de Direita, o mesmo de Roberto Jefferson, preso no domingo após fazer disparos contra polícias federais.
Lula segue em primeiro
Lula da Silva e Jair Bolsonaro continuam com 50% e 43% dos votos, respetivamente, segundo o instituto IPEC. A sondagem, divulgada na noite de segunda-feira, tem margem de erro de dois pontos percentuais. Os índices de branco ou nulo (5%) e os indecisos (2%) também são os mesmos da semana anterior e, ao excluí-los, Lula fica com 54% e Bolsonaro com 46% dos votos válidos. A sondagem ainda aponta que 93% dos eleitores de ambos os candidatos estão totalmente decididos.
A rejeição de Lula fica estável nos 41%, enquanto a de Bolsonaro sobe de 46% para 47%. O atual Governo é avaliado como ruim ou péssimo por 40% do eleitorado (eram 39% na sondagem anterior), como ótimo ou bom por 36% (eram 37%) e como regular por 24% (eram 23%).