Duas décadas depois do massacre de Santa Cruz, em Díli, há ainda muitas famílias que não sabem o que aconteceu aos seus entes queridos. Grande parte dos mortos e feridos foi levada pelos indonésios, que não explicam o que lhes aconteceu.
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A procura de informações sobre o paradeiro destas pessoas desaparecidas é uma das principais missões do Comité 12 de Novembro fundado por Gregório Saldanha e outros sobreviventes do massacre.
Gregório Saldanha foi o organizador da manifestação de jovens que, há 20 anos, se juntou à procissão que homenageava Sebastião Gomes do cemitério de Santa Cruz. Foi ferido com um tiro e levado pelos militares indonésios para interrogatório juntamente com Dionísio Dani e 10 cadáveres.
"Levaram-me primeiro para o hospital e, dois dias depois, fui interrogado. No hospital, estavam lá muitas pessoas feridas", recorda, ao JN, por telefone.
De acordo com o Comité 12 de Novembro, na sequência do massacre terão morrido 271 pessoas, 74 no cemitério e 127 nos dias seguintes nos hospitais para onde foram transportadas ou na sequência de perseguições.
"A maioria foi levada pelos indonésios e nunca mais voltaram. Não sabemos o que lhes aconteceu. Andamos à procura de informação, mas este é um trabalho que tem que ser feito com muito cuidado", sublinha Gregório Saldanha.
Até ao momento, foram identificados e entregues às famílias 16 cadáveres, graças ao trabalho de uma equipa de peritos forenses argentinos e australianos. Mas a grande maioria continua enterrada em locais que só as forças indonésias sabem.