Mais de 376 mil palestinianos regressaram ao norte de Gaza entre a manhã de segunda-feira e o meio-dia desta terça-feira, na sequência do cessar-fogo entre Israel e Hamas, anunciou o gabinete de Assuntos Humanitários da ONU.
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Os homens representavam metade destes deslocados, as mulheres e as crianças um quarto cada, indicou o gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), citando números de um grupo de trabalho que inclui várias organizações com pontos de contagem em diferentes partes do território.
O número representa mais de um terço do milhão de pessoas que fugiram do norte nas primeiras semanas da guerra.
"Mulheres grávidas ou a amamentar, idosos, pessoas com deficiência, doentes crónicos ou que necessitam de assistência médica urgente e menores não acompanhados estão entre os principais grupos vulneráveis deslocados que empreenderam esta difícil viagem a pé", assinalou o OCHA.
O grupo islamita Hamas havia informado na segunda-feira que 300 mil deslocados entraram em território palestiniano no norte de Gaza, através da estrada Rashid, que atravessa o enclave de norte a sul.
Muitos palestinianos disseram que estavam felizes em regressar, mesmo que as suas casas no norte de Gaza provavelmente estejam danificadas ou destruídas. Quase todos têm amigos ou familiares mortos por Israel durante a guerra de 15 meses contra o Hamas.
“Esta é a nossa terra natal e temos que voltar”, afirmou Ola Saleh, uma mulher deslocada, citada pela agência Associated Press (AP).
O cessar-fogo visa acabar com a guerra e libertar dezenas de reféns israelitas e centenas de palestinianos presos ou detidos por Israel. Contudo, Israel matou vários palestinianos desde que o cessar-fogo entrou em vigor.
O norte do território, para onde os deslocados estão a regressar, inclui a cidade de Gaza e as vilas de Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun (a que é conhecida como a província do Norte), sendo um dos setores mais afetados pela ofensiva israelita, especialmente a última das três cidades, no extremo norte de Gaza.
Imagens divulgadas pela agência de notícias palestiniana Wafa têm mostrado centenas de pessoas a caminhar com os seus pertences pela estrada Rashid, que atravessa o enclave de norte a sul, junto à costa.
O regresso dos palestinianos ao norte da Faixa de Gaza aconteceu depois de o Catar ter anunciado, no domingo, que foi alcançado um acordo para libertar uma refém civil israelita, aliviando a primeira grande crise do cessar-fogo entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
O governo do Hamas avisou na segunda-feira que a população do norte precisa “imediata e urgentemente” de 135 mil tendas, dada a devastação na área, para onde se dirigem dezenas de milhares de pessoas deslocadas pela guerra.
O apelo foi dirigido à comunidade e às organizações internacionais, à ONU e aos países árabes, tendo sido pedido que facilitem o acesso da população aos bens básicos.
Gaza tornou-se um território atravessado por 42 milhões de toneladas de escombros, de acordo com dados da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).
Além disso, restos de amianto e outros materiais tóxicos entre os escombros representam um risco para a saúde da população.