A revelação é da Cruz Vermelha Internacional, que diz receber entre 500 a 2500 chamadas telefónicas por semana de familiares que os procuram.
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Cerca de 6400 palestinianos que foram relatados como desaparecidos ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) desde o início da guerra na Faixa de Gaza ainda não foram encontrados, revelou a organização humanitária. Muitos estarão ainda soterrados sob os escombros no enclave onde, de Norte a Sul, já só sobra devastação; enterrados sem identificação ou mantidos sob detenção pelas forças israelitas.
“A cada semana, podemos receber entre 500 e 2500 ligações para nossas linhas diretas, e a maioria delas são solicitações de familiares desaparecidos”, disse Sarah Davies, porta-voz do CICV, citada pelo jornal “The Guardian”.
“O nível de solicitações flutua, às vezes dependendo da situação em áreas de Gaza – se houver hostilidades perto de um grande número de pessoas, ou instruções de evacuação emitidas, os nossos operadores de linha direta recebem mais chamadas com solicitações de rastreamento nas horas e dias seguintes”, explicou Sarah Davies.
“Infelizmente, em situações tão caóticas, as pessoas podem ser separadas facilmente. As pessoas entram em pânico, às vezes é escuro e difícil de ver, se houver explosões nas proximidades, as pessoas fogem e perdem-se”, assinalou a porta-voz do CICV.
Davies deu ainda conta da facilidade com que as comunicações se podem eclipsar entre familiares quando o quotidiano se vive num contexto de guerra, em constante sobressalto, a tentar fintar a morte. Como os feridos que são carregados por profissionais de saúde e os seus parentes mais próximos não sabem em qual das ambulâncias seguiram e para que hospital: “As pessoas podem perder os seus telefones, as conexões podem ser interrompidas, os cartões SIM são alterados. Existem razões incontáveis pelas quais as pessoas se separam numa zona de guerra”.
Tarefa árdua de localizar
Com os hospitais continuamente sob ataque e falhas nas comunicações, os esforços das equipas médicas para documentar vítimas e identificar mortos tornam-se muitas vezes inglórios, sendo cada vez mais difícil monitorizar e localizar civis que se encontram desaparecidos.
Desde 7 de outubro, o CICV identificou mais de 8700 palestinianos desaparecidos em Gaza e contactou 7429 famílias para reunir informações. Cerca de 2300 casos foram resolvidos, o que significa que as famílias encontraram os seus parentes, vivos ou mortos.
Certo é que o número real de palestinianos desaparecidos no enclave será consideravelmente maior, porque nem todas as famílias sabem que podem contactar o CICV para pedir ajuda, e porque, em muitos casos, famílias inteiras foram mortas, não restando ninguém para os reportar como desaparecidos.