Desde o início do conflito na Ucrânia, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) já concedeu 5242 pedidos de proteção temporária a crianças oriundas daquele país. A deslocação de milhares de refugiados de zonas de guerra, sobretudo mulheres e crianças, leva as autoridades europeias a temer a ação de grupos criminosos relacionados com o tráfico de pessoas.
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Em Portugal, o SEF, de acordo com informações enviadas ao JN, tem montada "uma operação de controlos móveis aleatórios nos principais pontos de passagem da fronteira terrestre com Espanha e, também, em terminais rodoviários e ferroviários", bem como ações de fiscalização em todo o país.
Por uma questão de segurança, mas também para que, futuramente, seja possível saber a localização dos refugiados, todos os que cheguem a Portugal (independentemente da forma como venham) têm que ser registados no SEF.
"É preciso ter todo o cuidado porque há crianças que se pensa que não têm famílias, mas na realidade foram apenas separadas", disse Rosário Farmhouse, presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças e Jovens num debate organizado pela Câmara de Lisboa. "Tem de haver, a nível internacional, uma forma de saber onde estão localizadas porque têm o direito de, quando a guerra acabar, regressarem às suas famílias. Sempre que houver crianças, tem de haver um registo no SEF para a proteção internacional e um olhar atento do Governo", referiu.
Rosário Farmhouse pediu às famílias acolhedoras que tenham "tranquilidade" e "cuidado", "porque há marcas da guerra que ficam" e porque não é possível prever quanto tempo o acolhimento poderá durar. "Têm de estar preparadas porque pode ser pouco tempo ou pode ser muito tempo. Uma criança não é descartável. Têm de estar dispostas a ficar com elas o tempo que for necessário e não dizer que, depois, já não vai ser possível", salientou.
"Quando há situações de urgência e crise, há sempre quem se aproveite do pânico para raptos e exploração sexual", disse ao JN Marta Santos Pais, ex-representante do secretário-geral das Nações Unidas na área de Violência contra Crianças.
"Todos os cuidados são poucos e não é agradável para as crianças ter que mostrar o passaporte e dizer os seus dados em todas as fronteiras por onde passam mas é desta forma que se consegue ter um registo legal do seu percurso", finalizou.