Uma centena de pessoas, na maioria mulheres, manifestou-se, este domingo, no centro de Madrid contra o projeto governamental de proibir o aborto em casos de malformação do feto, previsto na lei atual.
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"Damos vida, nós decidimos" e "não um passo atrás", gritavam os manifestantes, num protesto marcado por um coletivo de organizações de defesa dos direitos das mulheres.
"Isto parece um regresso à ditadura de [Francisco] Franco e não queremos aceitar, sob qualquer pretexto, medidas que nos privam dos nossos direitos", explicou Justa Montero, membro da Assembleia Feminista, um dos grupos organizadores do protesto.
Sexta-feira, o governo espanhol confirmou querer alterar a lei, aprovada em 2010 pelo executivo socialista (2004-2011), que permite a interrupção voluntária da gravidez até às 14 semanas.
A lei em vigor permite ainda o aborto até às 22 semanas nos casos de "risco para a vida e a saúde" da mãe ou de "grave malformação do feto" e, sem limite de tempo e mediante avaliação de uma comissão de ética, em casos mais graves.
"Não compreendo que se impeça um feto de viver, permitindo o aborto, só porque sofre de uma deficiência ou malformação", declarou o ministro da Justiça espanhola, Alberto Ruiz-Gallardon, numa entrevista no domingo passado ao diário de direita "La Razon".
Uma grande maioria de espanhóis, 81%, é contra a proibição do aborto em caso de malformação do feto, de acordo com uma sondagem, este domingo, publicada pelo diário El Pais.
O projeto de reforma foi rejeitado por 65% das pessoas que disseram ter votado no Partido Popular (PP, conservador, no poder) nas eleições gerais do ano passado, indicou o mesmo estudo.
Também 64% dos inquiridos, que afirmaram ser católicos praticantes, rejeitaram a reforma governamental.