Três militares de manutenção da paz das Nações Unidas e pelo menos 12 civis morreram durante um segundo dia de protestos anti-ONU no leste da República Democrática do Congo, afirmaram as autoridades. Os protestos foram estimulados por queixas de que a missão da ONU, conhecida como MONUSCO, não conseguiu proteger os civis contra a violência das milícias.
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As manifestações tiveram início na segunda-feira na cidade de Goma, na República Democrática do Congo, e espalharam-se para Butembo na terça-feira, onde um soldado e dois polícias da ONU foram mortos a tiro, confirma o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq.
Em comunicado, Haq afirma que o secretário-geral da ONU António Guterres condena a violência e "sublinha que qualquer ataque dirigido contra as forças de manutenção da paz das Nações Unidas pode constituir um crime de guerra e apela às autoridades congolesas para que investiguem estes incidentes e levem rapidamente os responsáveis à justiça".
Em ambas as cidades, as tropas de manutenção de paz da ONU foram acusadas de retaliação com recurso à força, devido a centenas de manifestantes terem atirado pedras e bombas de gasolina. A instalações da ONU estão também a ser incendiadas e vandalizadas.
Segundo o porta-voz do governo, Patrick Muyaya, pelo menos cinco pessoas foram mortas e 50 ficaram feridas. Em Butembo, pelo menos sete civis foram mortos, disse o chefe da polícia da cidade, Paul Ngoma. O número de feridos é ainda desconhecido.
Há anos que as missões de manutenção da paz da ONU têm sido alvo de acusações de abuso. Haq assegura que qualquer ato de violência por parte das autoridades da ONU também vai ser levado à justiça. "Obviamente, se houver alguma responsabilidade das forças da ONU por qualquer dos ferimentos, ou qualquer das mortes, a situação será devidamente acompanhada".
A polícia da ONU foi aconselhada a usar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes e apenas disparar tiros de aviso se necessário.
Os protestos foram iniciados por um grupo de jovens do partido no poder. Estas manifestações exigem a retirada da missão MONUSCO, implementada pela ONU em 2010. Os manifestantes defendem que a missão é ineficaz.
Os confrontos ressurgentes entre as tropas locais e o grupo rebelde M23, ou Exército Revolucionário Congolês, no leste do Congo, deslocaram milhares de pessoas.
"Temos feito o nosso melhor, não apenas durante anos, mas realmente durante décadas, para tentar trazer estabilidade ao leste do Congo", disse Haq, acrescentando que se esperava que o chefe de manutenção da paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, viajasse para o Congo assim que pudesse.