O ministro da Energia e Minas do Peru, Óscar Vera, e o vice-ministro da Saúde, Henry Rebasa, foram atacados esta segunda-feira em regiões do sul do país, por manifestantes antigovernamentais.
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Óscar Vera participava na inauguração do ano letivo numa escola de Abancay, capital de Apurímac, no sul do Peru, e teve que se retirar por razões de segurança, antes da chegada de manifestantes que o insultaram, noticiou a agência Efe.
Quando o ministro da Energia e Minas deixou a instituição de ensino, cerca de vinte pessoas perseguiram os veículos oficiais gritando "o ministro está a fugir" e "assassino".
Em Apurímac, região natal da Presidente Dina Boluarte, houve fortes protestos em dezembro contra a chefe de Estado, nos quais sete pessoas morreram em confrontos com forças policiais.
Já o vice-ministro da Saúde foi surpreendido por manifestantes da Frente de Defesa Popular de Ayacucho (FREDEPA) enquanto almoçava num restaurante em Ayacucho, também no sul do Peru, do qual teve que sair rapidamente porque começaram a atirar objetos na sua direção.
Mesmo depois de Henry Rebasa ter deixado o espaço num veículo da sua comitiva, os manifestantes continuaram a atacar os seguranças com frutas e outros objetos.
Num vídeo divulgado nas redes sociais e nos 'media' locais, estas pessoas foram ouvidas a gritar "assassinos", "miseráveis", "fora de Ayacucho" e algumas mostravam bandeiras e cartazes de protesto.
Alguns manifestantes reuniram-se no aeroporto de Ayacucho com faixas de protesto e em memória dos falecidos, pois esperavam a chegada da Presidente.
Em dezembro, poucos dias após o início das manifestações antigovernamentais contra, decorreu um protesto em Ayacucho no qual dez pessoas morreram em confrontos com a polícia.
Na sequência da detenção do Presidente Pedro Castillo, acusado de autogolpe de Estado, registaram-se fortes mobilizações populares que exigiram a sua libertação, a demissão da sua vice-Presidente Dina Boluarte, que assumiu a chefia do Estado, a antecipação das eleições, a dissolução do parlamento e a convocação de uma assembleia constituinte.
Apesar de uma pausa nos protestos nas últimas semanas, este sábado ocorreram motins em Moquegua, também no sul, para onde se deslocou o primeiro-ministro, Alberto Otárola, para apresentar um programa de recuperação económica.
Naquela região, os manifestantes, não atacaram Otárola porque a Polícia Nacional (PNP) impediu-os de abordar a cerimónia, utilizando bombas de gás lacrimogéneo.
Os protestos antigovernamentais no Peru já causaram pelo menos 60 mortos e centenas de feridos e detidos em particular devido à atuação das forças policiais e militares.
A crise política que abala o Peru é também reflexo do enorme fosso entre a capital e as províncias pobres que apoiam Castillo, de origem ameríndia, que nunca foi aceite no Palácio Presidencial pela elite e a oligarquia da capital, e pelos principais 'media' na posse de empresários milionários.
Num relatório divulgado em finais de fevereiro, a Amnistia Internacional (AI) denunciou a "violenta repressão do Estado" peruano contra os protestos antigovernamentais no país e o "uso indiscriminado de armas letais" contra manifestantes, para além de detenções arbitrárias e outras violações dos direitos humanos, incluindo alegadas execuções extrajudiciais.