O australiano Julian Assange, que está refugiado na embaixada em Londres do Equador, país que já lhe concedeu asilo político, recebeu, esta quinta-feira, uma manifestação de apoio, nas imediações da embaixada do Reino Unido em Lisboa.
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"Libertem Assange e deixem-no ir para o Equador", "Reino Unido protegeu Pinochet, um assassino de massas, e persegue Assange" e "Reino Unido igual a ditadura" eram algumas das frases que constavam de cartazes improvisados que alguns manifestantes ostentavam, nas imediações da embaixada do Reino Unido em Lisboa, num protesto convocado pelo portal na internet Tugaleaks.
O fundador do Tugaleaks, Rui Cruz, disse aos jornalistas que "o Reino Unido ameaçou o Equador de que poderia entrar na embaixada, que é um território soberano, e remover de lá Julian Assange, que está alegadamente acusado de crimes de violação" na Suécia, que reclama a sua extradição.
"O que o Reino Unido está a fazer, embora queira admitir ou não, é a jogada dos EUA e da Suécia, que querem, em coligação, pressionar o Reino Unido, para que consigam remover Julian Assange da embaixada do Equador, onde já tem asilo, e assim o consigam parar de publicar documentos no Wikileaks", referiu Rui Cruz.
Segundo os seus apoiantes, Julian Assange receia que, em caso de extradição do Reino Unido para a Suécia, seja depois extraditado para os EUA, onde poderia responder por acusações de espionagem, por ter divulgado no site na Internet WikiLeaks milhares de documentos diplomáticos norte-americanos, incorrendo mesmo na pena de morte.
"O Reino Unido deve imediatamente fazer um pedido de desculpas ao Equador, deve deixar que a soberania fale por si e que o Equador seja livre de transportar Julian Assange para o país, onde ele já tem asilo", defendeu ainda o fundador do Tugaleaks, que consubstancia também um movimento online pela "verdade da informação".
Por sua vez, uma manifestante, Maria José, disse à agência Lusa que "aquela última queixa que foi feita contra Assange na Suécia é uma manobra da CIA e do Governo dos EUA, que não lhe perdoam por ter dito e exposto a verdade".
"Em relação ao Reino Unido, é muito triste que tenham dado proteção a um assassino de massas como Pinochet, cuja extradição foi pedida para Espanha pelo juiz Baltazar Garzon na altura, recusaram-se a extraditá-lo e agora querem por força extraditar Assange para a Suécia, de onde se sabe que será extraditado para os EUA", acrescentou.
Maria José disse também que a Suécia pode dizer que não extradita "se houver pena de morte", mas realçou que "há pena perpétua" nos EUA.
"Isto é uma questão política. Ele pediu asilo numa embaixada, está dentro de uma embaixada, o Reino Unido não pode ameaçar que invade uma embaixada. Seria um precedente grave", referiu.
Os cerca de 30 manifestantes não entregaram qualquer documento na embaixada do Reino Unido. A manifestação decorreu de forma pacífica e no local encontrava-se um dispositivo policial, que manteve os manifestantes a alguma distância do edifício da embaixada do Reino Unido em Lisboa.