Dezenas de manifestantes em fúria pediram, esta quarta-feira, a demissão do governo turco e pontapearam o carro do primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, quando o governante visitava Soma, oeste da Turquia, onde ocorreu uma grave explosão numa mina de carvão.
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Apesar do dispositivo policial, os manifestantes conseguiram aproximar-se do carro oficial do primeiro-ministro turco e começaram a pontapear o veículo, relatou a agência noticiosa turca Dogan.
Erdogan, que saiu do veículo sob vaias e assobios, entrou numa loja de comércio local, tendo saído poucos minutos depois, segundo as imagens divulgadas pela agência turca.
Momentos antes, o chefe do Governo turco tinha anunciado, numa conferência de imprensa realizada naquela localidade, um novo balanço provisório das vítimas mortais da explosão (238 mortos), já considerado o pior acidente numa mina na Turquia.
Muitos manifestantes assobiaram e gritaram palavras de ordem perto do edifício onde decorreu a conferência de imprensa.
Em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro rejeitou as críticas sobre uma eventual negligência do governo turco islâmico-conservador, afirmando que os acidentes em minas "acontecem em todo o mundo", referenciando acidentes ocorridos nos séculos XIX e XX, nomeadamente no Reino Unido e em França.
Segundo os meios de comunicação locais, o parlamento turco recusou, há cerca de três semanas, constituir uma comissão que teria a missão de fazer um levantamento sobre as medidas de segurança nas minas na Turquia.
Os três partidos da oposição turca apresentaram propostas relacionadas com esta matéria, mas foram todas rejeitadas pela força política de Erdogan (Partido da Justiça e do Desenvolvimento - AKP).