Um grupo de cidadãos concentrou-se esta quinta-feira em Cutro, onde decorria uma reunião do Governo, para homenagear as vítimas do naufrágio.
Corpo do artigo
Um grupo de italianos protestou, esta quinta-feira, em Cutro, perto do local onde, no mês passado, pelo menos 72 migrantes morreram num naufrágio. A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, estava nas proximidades, numa reunião.
"Queríamos ter esta reunião aqui para, após a tragédia, darmos um sinal simbólico e concreto", referiu a chefe de Governo.
Durante o encontro, o executivo aprovou medidas contra o tráfico de pessoas, nomeadamente penas de prisão até 30 anos para quem provocar a morte de mais de uma pessoa, bem como para aumentar rotas legais que permitam a entrada de trabalhadores estrangeiros no país.
O naufrágio, que aconteceu no dia 26 de fevereiro na Costa de Steccato di Cutro, foi o mote do protesto, com os manifestantes a prestarem homenagem às 18 crianças que morreram no acidente. "Não em nosso nome, a Calábria tem um grande coração, tu não!" e "eles poderiam ter sido salvos" são algumas das frases que se destacavam em cartazes durante o protesto.
Alguns dos manifestantes pediram a renúncia do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, que descreveu o plano anti-imigração do Reino Unido como "rigoroso, mas justo", e do ministro do interior, Matteo Piantedosi, criticado após a tragédia por ter defendido que "o desespero nunca pode justificar condições de viagem que coloquem em risco a vida dos próprios filhos".
Os familiares das vítimas pretendem planear uma ação coletiva contra o estado italiano, pedindo justiça. Não obstante, 40 associações civis e sociais apresentaram uma petição aos promotores da cidade de Crotone, tornando indispensável o esclarecimento sobre o naufrágio. "Queremos dar o nosso contributo para apurar os factos, não pode haver zonas cinzentas sobre uma possível responsabilidade na máquina de salvamento", afirmaram as associações em comunicado.