Manning queria mudar de sexo quando cedeu informação à Wikileaks

O psiquitra David Moulton divulgou, em tribunal, que Bradley Manning se encontrava a passar por uma crise de identidade na altura em que cedeu documentos confidenciais à Wikileaks. Moulton afirmou que, na altura, Manning se sentia abandonado pelos amigos e pela família e que tinha atingido uma fase difícil da sua relação, com o seu namorado.

O psiquiatra, que entrevistou Manning durante 21 horas depois da sua detenção, revelou que a crise de identidade sexual que o soldado norte-americano sofria tinha-o conduzido à tomada de uma decisão: tornar-se mulher. Em tribunal, David Moulton deixou claro que há grandes diferenças entre mudar de sexo e ser homossexual.

"O sexo de uma pessoa é algo que se encontra no centro da sua identidade", esclareceu David Moulton. O psiquiatra acrescentou que, quando uma pessoa tem dúvidas quanto à sua identidade sexual, a visão da realidade pode perder o sentido.

Manning confirmou que estes problemas faziam parte do seu dia-a-dia na altura em que cedeu a informação à Wikileaks. O soldado norte-americano acreditava que a informação seria capaz de mudar a perspetiva que o mundo tinha sobre o conflito no Iraque. Porém, apesar de ser culpado, Manning declarou que as suas dificuldades pessoais não eram desculpa para as suas ações.

Antes da análise de Moulton, Manning já tinha sido visto por um outro psiquiatra do exército, no Iraque. O psiquiatra, Michael Worsley, preparava o processo para afastar Bradley Manning do serviço militar.

"Ele estava a ter problemas no trabalho", justificou o psiquiatra Michal Worsley, que considerou que o cargo de Manning como analista o tinha tornado mais isolado e ansioso.

Durante o tratamento, o soldado enviou a Worsley um e-mail intitulado "O meu problema", onde explicava as suas intenções de se tornar uma mulher e a esperança de que a vida militar terminasse com esse desejo. Anexado ao e-mail seguia uma fotografia do soldado, com uma peruca loira e maquilhagem.