Mar Mediterrâneo, um féretro em tonalidades azul-turquesa
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As águas turquesas e quentes que separam a Europa do Norte de África e do Médio Oriente transformaram-se num dantesco féretro, de entranhas obscuras de cuja amplitude apenas se terá uma pálida ideia. A imagem de uma criança de três anos adormecida para sempre numa praia turca é apenas a ponta do icebergue de terror. Sepultam essencialmente migrantes africanos (a África subsaariana - Eritreia e Sudão - soma tantas vítimas quanto o Norte de África e o Médio Oriente juntos).
A Organização Internacional das Migrações atualiza regularmente as estimativas e são dramáticas: de 1 de janeiro a 9 de novembro de 2015, chegaram às costas europeias (Grécia, Itália, Espanha e Malta) 798 792 migrantes, quatro vezes mais do que em 2014. E terão perecido no mar 3511 pessoas. A Grécia recebeu de longe a maior fatia de migrantes (mais de 653 mil), naquela que é definida como a rota mediterrânica oriental, em que desapareceram 82 pessoas. E é por ela que chegam sírios, iraquianos, afegãos e paquistaneses. A Itália, que acolhe a maioria dos africanos, chegaram 141 766 pessoas; por esta rota mediterrânica central morreram 2861 migrantes. Até Malta morreram 502.
