As negociações entre os norte-americanos e russos na Arábia Saudita duraram mais de 12 horas e devem resultar numa declaração conjunta que será publicada esta terça-feira. Como Moscovo já tinha adiantado antes do encontro com os representantes de Washington, a expectativa é de um acordo para uma trégua no mar Negro.
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Após “mais de 12 horas de consultas”, noticiou a agência estatal russa TASS, a Rússia e os Estados Unidos concordaram em relação ao texto de uma declaração conjunta que, segundo o mesmo órgão de Comunicação Social, citando uma fonte da delegação de Moscovo, será distribuída pelo Kremlin e pela Casa Branca esta terça-feira. A reunião ocorreu um dia após as autoridades de Washington e Kiev terem discutido, também em Riade, a proteção das instalações energéticas e infraestruturas críticas.
“Nunca estivemos tão perto de um cessar-fogo total”, afirmou a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Tammy Bruce, enquanto o encontro entre as delegações acontecia. “A expansão do cessar-fogo para o Mar Negro, rumo ao cessar-fogo total”, assinalou a oficial, “é sempre o prémio”. Um acordo no Mar Negro servirá “para restaurar totalmente a atividade comercial pacífica”.
O porta-voz do Kremlin já antecipava na segunda-feira de manhã que a questão do Mar Negro seria o ponto central da reunião com os norte-americanos. “Partimos do facto de que a questão da iniciativa do Mar Negro e todos os temas relacionados com a retoma desta iniciativa estão hoje na agenda”, declarou Dmitry Peskov, citado pela TASS. “Foi uma proposta do presidente Trump, e o presidente Putin concordou com isso. Foi exatamente com esse mandato que a nossa delegação se deslocou a Riade”, pontuou.
O anterior acordo de cerrais do Mar Negro, com mediação da ONU e da Turquia, durou quase um ano, entre julho de 2022 e julho de 2023, com Moscovo tendo-se recusado a renovar o pacto por acusar o Ocidente de ser o principal destino dos grãos ucranianos - em vez das nações com maior necessidade. “Se se recordam dele na sua forma anterior (...), havia uma parte bastante grande das obrigações para o nosso lado, que, aliás, não foram cumpridas da última vez. É por isso que também estará na ordem do dia de hoje”, completou Peskov.
Paris e Londres discutem
Paralelamente, os ministros da Defesa de França e de Reino Unido reuniram-se na capital britânica para discutir a “coligação de interesses” proposta por Londres. “As deliberações de hoje ajudarão a moldar o futuro da cooperação militar britânica e francesa, e os nossos esforços partilhados para apoiar a Ucrânia com ajuda militar agora e depois de qualquer acordo de paz” destacou o Chefe do Estado-Maior britânico, o almirante Tony Radakin.