A líder da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, opõe-se a uma candidatura do fundador do partido, seu pai, depois de este ter dito que as câmaras de gás foram "pormenor" da II Guerra Mundial.
Corpo do artigo
É uma guerra familiar que está a abalar a política francesa. Marine Le Pen acusou o pai de "suicídio político" pelas declarações antissemitas proferidas por Jean-Marie Le Pen e já garantiu que se vai opor a uma candidatura do pai às eleições regionais de dezembro. Le Pen, pai, diz-se "traído" pelos mais próximos.
Numa entrevista ao semanário de extrema-direita "Rivarol" publicada esta terça-feira, Jean-Marie Le Pen, presidente honorário da Frente Nacional (FN) e eurodeputado, defendeu a memória do marechal Philippe Pétain, que liderou o regime colaboracionista com a Alemanha nazi. Na semana passada, Jean-Marie Le Pen também reiterou declarações pelas quais já foi condenado pela justiça francesa, de que as câmaras de gás dos campos de concentração nazis são "um pormenor" da II Guerra Mundial.
Marine Le Pen disse que a situação lhe causa "tristeza profunda", mas que vai convocar uma reunião da direção do partido para "discutir com ele como proteger os interesses políticos da Frente Nacional".
"O estatuto de presidente honorário não lhe permite sequestrar a Frente Nacional com provocações grosseiras cujo único objetivo é prejudicar-me e que, lamentavelmente, atingem todo o movimento, os seus dirigentes, candidatos, militantes e eleitores", defende Marine Le Pen.
Outros dirigentes do partido criticaram o fundador.
"A rutura política com Jean-Marie Le Pen é total e definitiva", escreveu o vice-presidente da FN Florian Philippot na sua conta no Twitter.
O também vice-presidente da FN e companheiro de Marine Le Pen, Louis Aliot, também considera que "os desacordos políticos" com Jean-Marie Le Pen são "irreconciliáveis".
Desde que assumiu a liderança do partido, em 2011, Marine Le Pen afastou-se da linha mais radical seguida pelo pai numa tentativa de aumentar a influência do partido entre os eleitores.
Sob a sua liderança, a FN foi o partido mais votado nas eleições europeias de 2014 e obteve um quarto dos votos nas eleições locais de março de 2015.